Obras no complexo Angra 3 estão paralisadas
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Obras no complexo Angra 3 estão paralisadas

Num momento em que o Brasil enfrenta a pior crise hídrica em 91 anos, Wilson Ferreira Jr., ex-presidente da Eletrobras, diz que se a usina nuclear de Angra 3 estivesse em operação, não haveria problema de geração nem de aumento de custo de energia.

Esta semana, o governo anunciou um um bônus para empresas que economizarem energia, vai lançar um programa similar para os consumidores residenciais e já determinou corte nos gastos com eletricidade em órgãos federais.

"Estamos passando essa crise hídrica. Se a gente tivesse hoje Angra 3 dentro do sistema, nós estaríamos com muito mais segurança. As nossas duas usinas termonucleares em operação hoje, Angra 1 e Angra 2, das 430 que têm no mundo, as nossas são das dez mais eficientes. Então, somos hoje um operador extremamente eficiente. E se Angra 3 estivesse aqui, estaríamos com certeza sem problema e com um custo bem menor", frisou Ferreira Jr., hoje à frente da Vibra Energia, antiga BR Distribuidora.

Alvo de um esquema de corrupção revelado pela Operação Lava-Jato, a usina tem menos de 70% das obras prontas, tendo já consumido mais de R$ 8 bilhões em investimento. Para que o empreendimento seja concluído, ainda seria necessário aportar mais R$ 15 bilhões.

"A gente teve que exumar o cadáver daquele momento de Lava-Jato. Conseguimos fazer isso. O BNDES nos ajudou na Eletrobrás. Essa obra foi viabilizada e acho que, em mais três ou quatro anos, conseguimos concluir a obra, que é extremamente importante. Ela está sendo retomada, já tem uma tarifa apropriada, vai ser financiada. E vamos concluir uma usina que é fundamental para a operação do Brasil", frisou ele, que participou de um debate on-line sobre a contribuição de executivos para o setor público, organizado pela XP.

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Com a baixa nos reservatórios, o governo tem recorrido a geração de energia por termelétricas, mais caras e poluentes do que as hidrelétricas, para garantir o abastecimento de eletricidade no país.

Ferreira Jr. bateu na tecla do custo, citando ainda a trava na construção da linha de transmissão Boa Vista-Manaus, que deixa a capital de Roraima isolada e “extremamente vulnerável”. Leiloada em 2011, a linha passa por terras indígenas e enfrenta problemas no processo de licenciamento.

"Temos hoje uma única capital no país, que é Boa Vista, que deveria ser interligada a Manaus (e com isso ao Sistema Integrado Nacional) por uma linha de transmissão passando ao lado da estrada. E nós não conseguimos viabilizar até hoje, por mais que a gente quisesse. É o tema ambiental que, de alguma forma, atrapalha. (Com isso,) gastamos muito mais. É uma obra que custa R$ 3 bilhões. E só de óleo combustível, gastamos R$ 1,5 bilhão por ano", afirmou.

O executivo traçou essas considerações ao explicar que as estatais, na comparação com concorrentes do setor privado, têm limitações de desempenho por terem de cumprir uma série de regras legais que garantem que processos sejam feitos de forma transparente e regular.

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