Durante lançamento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo na noite de ontem (26), o ministro da Economia Paulo Guedes minimizou a crise hídrica e seus impactos no preço da energia elétrica. "Qual o problema da energia ficar mais cara?" , questionou.
André Braz, coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) disse que a frase no contexto atual "fica feia", e explica que a tarifa não afeta simplesmente o consumidor final, mas toda a cadeia produtiva.
"A energia não é consumida só pelas pessoas em casa, é consumida pelas indústrias. Segmentos estratégicos, que empregam muitas pessoas, usam muita energia: construção civil e automobilística, por exemplo. E aí você penaliza mais esses setores", diz.
O peço salgado na conta de luz para o empresariado atrasa a recuperação econômica, uma vez que gera menos emprego e renda. Segundo ele, a minimização deve-se ao "período eleitoral", mas o problema não pode ser tratado como trivial.
"O discurso fica feio, não convence ninguém, todo mundo sabe a gravidade do problema e de como o governo deve se envolver nisso. Não dá para colocar só no Banco Central a responsabilidade de conter a inflação", opina.
"O governo é como uma família, arrecada, paga salário, consome água, luz energia... Como a gente faz em tempos de vacas magras? Apertamos o cinto e cortamos as despesas. A mesma coisa o Estado precisa fazer", completa Braz.
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Energia está cara e pode ficar mais
O economista alerta também para o comentário feito pelo ministro Paulo Guedes na tarde desta quinta-feira (26) que a conta de luz pode subir ainda mais . Hoje, a bandeira vermelha 2 representa um adicional de R$ 9,49 para cada 100 quilowatts-hora consumidores. Está em consulta pública na agência a metodologia de cálculo desse valor, o que pode resultar numa alta. Para essa alta valer em setembro, é preciso que a decisão seja tomada até a próxima semana.
Braz convoca o governo a agir como "agente estabilizador", aumentando investimento para gerar renda e viabilizando novos negócios na economia. "Se está caro para os consumidores e para os produtores, está caro para o país também. Mas se o Estado entra no jogo para ajudar e para contribuir, faz toda a diferença, tanto na fase de apertar os cintos quanto de afrouxar", explica.
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