Ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga
Agência Brasil
Ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga

O ex-presidente do Banco Central e sócio fundador da Gávea Investimentos, Armínio Fraga, deu entrevista à GloboNews e classificou a manobra do ministro da Economia Paulo Guedes para pagar os precatórios de "assustadora" e disse ter "cheirinho de calote". 

"Tem várias dimensões nessa história sem querer me alongar muito, mas de um lado você tem o próprio conceito de precatório, precatório é divida, é uma decisão em última instância que o governo tem que pagar. Então, isso aí tem cheirinho de calote, é preocupante. E depois tem o impacto sobre o teto, sim, é difícil acreditar que isso tenha sido uma surpresa. Essas coisas vêm num pipeline jurídico que demora muito tempo, isso não aparece assim, da noite para o dia. Não deveria ser objeto de mudança no teto. São ângulos diferentes, ângulos preocupantes", disse ele.

A "manobra" encontrada por Guedes prevê a criação uma Proposta de Emenda Constitucional para parcelamento de precatórios acima e R$ 455 mil em nove anos. Além disso, para dívidas acima de R$ 66 milhões, Guedes prometeu criar um "fundo de precatórios", que será preenchido com recursos das privatizações prometidas por ele desde 2019. A PEC já vem sendo chamada no mercado de "PEC do Calote".

Além disso, Armínio disse que faltou preparo do governo para lidar com essas despesas e não há motivo para serem tratados como "surpresa". Ontem, o próprio ministro da Economia admitiu que o  governo "dormiu no ponto" ao não observar o crescimento do que chamou de "crescimento da indústria dos precatórios".

Em 2022, o governo federal deverá pagar cerca de R$ 90 bilhões em precatórios, um salto em relação aos R$ 54 bilhões em 2021.

Selic

Nesta quarta-feira (4),  Banco Central (BC) deve aumentar em um ponto percentual a taxa básica de juros , a Selic, para o ano de 2021. Com isso, a taxa que hoje está em 4,25% subiria para 5,25%. Até o fim do ano, porém, a expectativa é que haja novos aumentos, levando a Selic para o patamar de pelo menos 7%.

Armínio disse que a elevação trata-se de um consenso entre os economistas.

"É mais ou menos consenso do mercado que eles vão subir um ponto. Acho que a complicação maior vem pra frente, o que vai acontecer de fato com a inflação, com a política fiscal também que passou um período de uma certa ilusão de que as coisas estavam bem, pra hoje não vejo nenhum desvio do que parece ser esse consenso", disse ele.

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