O ministro da Economia, Paulo Guedes , criticou o Fundo de Financiamento Estudantil ( Fies ) que, segundo ele, ofereceu bolsas de estudos em faculdades particulares "para quem não tinha a menor capacidade. Não sabia ler, escrever. Botaram todo mundo. Exageraram. Foi de um extremo ao outro", afirmou.
Segundo Guedes , o filho do seu porteiro foi beneficiado pelo programa, mesmo após zerar o vestibular. "O porteiro do meu prédio, uma vez, virou para mim e falou assim: 'Seu Paulo, eu estou muito preocupado'. O que houve? 'Meu filho passou na universidade privada'. Ué, mas está triste por quê? 'Ele tirou zero na prova. Tirou zero em todas as provas e eu recebi um negócio dizendo: parabéns, seu filho tirou...' Aí tinha um espaço para preencher, colocava 'zero'. Seu filho tirou zero. E acaba de se endereçar a nossa escola, estamos muito felizes", contou Guedes.
No entanto, diferentemente do que conta o ministro, o Fies exige notas mínimas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou no vestibular de cada universidade para aprovar o financiamento do candidato. Desde 2010, o programo do governo federal requer que o aluno tenha média aritmética das provas do Enem igual ou superior a 450 pontos, além de não zerar a redação.
O depoimento de Guedes foi feito em reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu), na terça-feira (27). O ministro não sabia que estava sendo gravado.
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Outras críticas
Também participaram da reunião o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga , o da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, da Justiça, Anderson Torres, e representantes do Ministério Público Federal (MPF) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Além das críticas às políticas de inclusão da educação , Guedes também atacou os avanços da medicina e o aumento da expectativa de vida dos brasileiros , alegando que o Estado não é capaz de bancar “todo mundo que quer viver 100 anos”.
O chefe da pasta da Economia também depreciou a vacina chinesa e atribuiu ao país a culpa pela pandemia, dizendo que o "chinês criou o vírus" e mesmo assim tem vacina menos eficaz do que os Estados Unidos. A fala gerou um crise diplomática com a China, que fez o ministro ter que pedir desculpas.
Quando Queiroga avisou a Guedes que estava sendo gravado, o economista pediu: "Só não manda para o ar, por favor".