O ministro da Economia, Paulo Guedes
, afirmou nesta terça-feira (27), em reunião do Conselho de Saúde Suplementar, que "o chinês inventou o vírus", mas mesmo assim tem uma vacina menos eficiente do que as desenvolvidas por laboratórios privados dos Estados Unidos
. Com a ironia, Guedes buscou defender a maior eficiência de empresas privadas sobre o setor público.
Além do ministro da Economia, participam da reunião do conselho que acontece no Planalto nesta terça Marcelo Queiroga, da Saúde, e Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil. O encontro que abriu espaço para a declaração de Guedes sobre a China acontece no mesmo dia que o Senado instala a CPI da Covid , que apura a ação do governo federal na pandemia.
Até o momento, os testes clínicos de fato verificaram maior eficácia das vacinas contra a Covid-19 desenvolvidas por farmacêuticas dos Estados Unidos como Pfizer e Moderna , mas, segundo especialistas, essas avaliações ocorrem em circunstâncias diferentes e, portanto, a eficácia dos imunizantes não pode ser comparada.
Após dizer que a China criou o vírus e perceber que a reunião poderia estar sendo gravada e transmitida pelas redes sociais do Ministério da Saúde, Guedes chegou a pedir que as imagens não fossem veiculadas. "Só não manda para o ar, por favor", disse.
A acusação de que a China criou o Sars-CoV-2, o novo coronavírus, já foi amplamente explorada pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump , e refutada por Pequim. A tese que culpa os asiáticos pela pandemia tem, nos últimos meses, agravado a crise diplomática entre Brasil e China, e a declaração de Guedes nesta terça pode piorar a situação, por isso a preocupação quando o ministro viu que o discurso se tornaria público.
Hoje, a principal vacina em uso no Brasil é chinesa, a CoronaVac , desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Sinovac, da China. O próprio Guedes foi vacinado com a CoronaVac.
Meses atrás, o presidente Jair Bolsonaro repetia que não compraria o imunizante , que veio ao Brasil após acordo firmado graças ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ex-aliado e hoje algoz de Bolsonaro.