Brasil Econômico

Maia
Reprodução CNN
Rodrigo Maia

Durante transmissão ao vivo, nesta quinta-feira (17), o presidente Jair Bolsonaro responsabilizou o presidente da Câmara dos Deputados,  Rodrigo Maia (DEM-RJ) pelo não pagamento de uma 13ª parcela do Bolsa Família . Entretanto, a decisão de não pagar partiu do próprio governo federal, que não poderia arcar com os custos. Em resposta, Maia "ameaçou" voltar atrás e votar a proposta , o que fez com que membros do governo tivessem que agir para arrumar a situação.

O ministro da Economia, Paulo Guedes , o líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), e o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos , desde a manhã de hoje, tentaram traçar uma estratégia para minimizar os estragos da declaração do presidente, além de impedir a aprovação do pagamento, que danificaria os cofres públicos.

Nesta sexta-feira (18), logo cedo, Maia incluiu na pauta da Casa a Medida Provisória que tratava da extensão do auxílio e acertou com o relator a inclusão do 13º para beneficiários do programa social.

Na retaliação, Maia chamou Bolsonaro de mentiroso , porém, Ramos, Barros e Guedes não poderiam fazer o mesmo, tampouco admitir publicamente um erro do presidente.

Assim, nos bastidores, reconheceram o equívoco de Bolsonaro. Dessa forma, os três iniciaram a tentativa de estabelecer um acordo com parlamentares para que retirassem o item da pauta , Maia o retirou pela tarde .

Explicações

Paulo Guedes teve que admitir que não havia uma maneira do governo bancar os custos do 13º para o Bolsa Família . "Ou você comete um crime de responsabilidade ou fica sujeito a um impeachment ", afirmou o ministro. 

Já Barros, se manifestou em seu Twitter , reconhecendo que foi decisão do governo não pagar o benefício.

Em seu tweet, explicou: "A medida provisória 898 previa o 13 do bolsa família que foi pago em 2019. O relator, senador Randolfe, incluiu um abono natalino para o BPC no valor de um salário mínimo. Não haviam (sic) recursos disponíveis para isso segundo o ministério da Economia. Por isso a MP não foi votada". 

Bolsonaro X Maia

A 13ª cota do Bolsa Família foi uma promessa cumprida pelo presidente no ano de 2019. Na ocasião, o pagamento foi possível por causa de uma MP (medida provisória) . Em meio à tramitação no Congresso , o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), relator da matéria, propôs que a parcela extra fosse fixada para todos os anos seguintes.

Porém, em 25 de março deste ano, a MP perdeu a validade quando ainda estava na Câmara dos Deputados e seguia para o Senado. O pedido para que a MP não fosse votada veio de uma articulação do governo, uma vez que havia a previsão de que esse pagamento geraria um impacto de R$ 8 bilhões nos cofres públicos.

Ontem, ao ser questionado sobre o 13º pagamento do Bolsa Família, Bolsonaro se eximiu da responsabilidade . “Você está reclamando do 13º do Bolsa Família, que não teve. Sabia que não teve este ano? Foi promessa minha? Foi. Foi pago no ano passado? Mas o presidente da Câmara deixou caducar a MP. Vai cobrar de mim? Cobra do presidente da Câmara, que o Supremo agora não deu o direito de ele disputar a reeleição. Cobra dele", disse o presidente.

Antes de sugerir a votação da MP, Maia chamou o presidente de mentiroso. "Nunca imaginei que Bolsonaro fosse mentiroso" , disse Maia ao ser informado da acusação feita pelo presidente na live.

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