As ordens executivas assinadas pelo presidente americano, Donald Trump, no sábado, dão um respiro limitado para a recuperação econômica
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As ordens executivas assinadas pelo presidente americano, Donald Trump, no sábado, dão um respiro limitado para a recuperação econômica

As ordens executivas assinadas pelo presidente americano, Donald Trump, no sábado, dão um respiro limitado para a recuperação econômica já estagnada dos EUA, mas podem retomar o foco dos legisladores para a mesa de negociações.

O redirecionamento de fundos para o alívio em desastres vai fornecer US$ 300 semanais em ajuda federal para desempregados, que se somam a US$ 100 de fundos estaduais — abaixo dos US$ 600 semanais do pacote de socorro que expirou em julho. A verba é limitada a US$ 44 bilhões, que no nível atual de desemprego pode acabar entre um e dois meses.

“O pagamento extra de US$ 400 para os desempregados deve durar apenas um mês”, afirmaram economistas do Goldman Sachs em nota divulgada no sábado.

Outra ação importante de Trump tem potencial de impacto maior: adia o pagamento de impostos sobre a folha salarial de setembro até o fim do ano para funcionários que recebem até US$ 8 mil por mês, o que pode dar um extra de US$ 600, no máximo, ao bolso dos trabalhadores. O economista Stephen Moore, aliado de Trump, diz que a medida representa um corte de impostos de US$ 300 bilhões que vai ajudar a economia.

Outros economistas disseram, porém, ser improvável que a medida forneça tanto estímulo quanto Trump espera.

“O adiamento do imposto sobre a folha de pagamentos dura até o fim do ano, mas os consumidores podem hesitar em gastar a renda extra sem uma mudança na lei tributária”, analisaram os economistas Alec Phillips e Blake Taylor, do Goldman, em nota.

Embora as ações encerrem o lapso completo em ajuda para os americanos, os fundos para os desempregados são muito mais limitados que nos meses anteriores, e o adiamento do imposto sobre a folha não irá ajudar as dezenas de milhões de pessoas que perderam seus empregos. Além disso, a legalidade das ações de Trump não está clara, e o movimento não incluiu a extensão do socorro a pequenas empresas, que estão com os fundos de apoio no fim.

No todo, as ações executivas “devem estender os prazos até o início de setembro”, disseram os economistas do Goldman. “Se essas políticas forem realmente implementadas, elas devem forçar o Congresso a agir até lá para evitar novas interrupções.”

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Ernie Tedeschi, economista da Evercore ISI, afirmou que as ações de Trump foram “certamente melhores do que nada, mas não são uma solução tão boa quanto o Congresso chegar a um compromisso com mais transparência legal e logisticamente viável em suas negociações fiscais.”

O impacto do adiamento do imposto sobre a folha de pagamentos depende da decisão dos empregadores de parar de reter o dinheiro dos contracheques dos americanos, com os eleitores, por sua vez, pressionando o Congresso para eventualmente aprovar uma lei perdoando a dívida acumulada.

Mas os empregadores podem simplesmente não fazer nada diante das incertezas, temendo que, se o Congresso não agir, eles possam ficar com o prejuízo, tentando recuperar o dinheiro de seus funcionários para saldar as obrigações com a Receita Federal.

"A ideia de adiar as taxas sobre a folha de pagamentos e esperar que as companhias cumpram com essa ordem executiva, quando elas precisarão cobrar de volta de seus funcionários mais tarde, a menos que o corte de impostos se torne permanente, simplesmente não tem lógica", avaliou DIane Swonk, economista-chefe da Grant Thornton, em Chicago. "E não são as pessoas com salário que são o problema, a questão são as pessoas sem salário", completou.

Trump afirmou que decidiu pela aprovação do benefício de US$ 400 por considerar o pagamento extra de US$ 600 por semana muito alto que desencorajaria as pessoas a retornarem ao trabalho — discurso constante de muitos congressistas republicanos nos últimos dias.

Andrew Husby, economista da Bloomberg Economics, estimou que os novos benefícios totalizem cerca de US$ 30 bilhões por mês, o que significa que o fundo de US$ 44 bilhões deve acabar em menos de dois meses, o que exigiria do Congresso uma nova correção antes da eleição, em novembro.

Embora os US$ 400 “ainda sejam uma quantia razoavelmente substancial, se trata definitivamente de um corte, que será sentido nos gastos”, disse Husby. Para o adiamento do imposto, “o impacto positivo será um pouco menor do que os valores brutos podem sugerir”, dada a incerteza se as empresas terão que pagar esses valores posteriormente.

Outro problema é que, se o desemprego voltar a subir, os novos fundos irão se esgotar mais rapidamente, “então serão mais pessoas recebendo menos dinheiro por período mais curto”, analisou Joel Naroff, presidente e fundador da consultoria Naroff Economic.

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