O Brasil vai apoiar o candidato à presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) indicado pelos Estados Unidos,
Mauricio Claver-Carone, apesar de sua estratégia anterior de apresentar uma candidatura própria ter sido desmantelada pelo governo americano.
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Nota conjunta dos ministérios da Economia e das Relações Exteriores, divulgada nesta quarta-feira (17), informa que o governo brasileiro recebeu positivamente o que chamou de "firme comprometimento" dos EUA
com a instituição.
"O governo brasileiro recebeu positivamente o anúncio do firme comprometimento do governo dos Estados Unidos com o futuro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) por meio da candidatura norte-americana à presidência da instituição. O Brasil e os Estados Unidos compartilham valores fundamentais, como a defesa da democracia, a liberdade econômica e o Estado de Direito. O Brasil defende uma nova gestão do BID condizente com esses valores e com o objetivo maior de promoção do desenvolvimento e da prosperidade na região", diz a nota.
Nas últimas semanas, o governo brasileiro vinha trabalhando com o nome do banqueiro e economista Rodrigo Xavier e contava com o apoio de Washington. A ideia era se contrapor à candidatura argentina de Gabriel Beliz.
Porém, os EUA decidiram quebrar uma tradição de 60 anos
e entrar na disputa – a eleição está prevista para o próximo mês de setembro. Até então, apenas latino-americanos
chefiavam o BID.
Segundo fontes do governo brasileiro, a ideia agora é apoiar alguém "que não transforme o banco em uma linha de financiamento de regimes ditatoriais no continente". A avaliação é que o candidato americano se alinha a esse pensamento e tem larga experiência não só na questão política, mas também em infraestrutura.
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Também anunciaram apoio à candidatura americana o Equador, a Colômbia e a Jamaica. Os equatorianos se manifestaram na terça-feira à noite, após o Tesouro dos EUA informar que os EUA teriam um candidato próprio.
Nesta quarta-feira, momentos antes de sair a nota do Brasil, o governo colombiano divulgou um comunicado respaldando o candidato americano. Destacou que a atual conjuntura requer um fortalecimento financeiro para atender às necessidades de liquidez das economias latino-americanas, afetadas pela pandemia de Covid-19.
"Junto com essa nova eleição, deve-se iniciar um ciclo de fortalecimento do BID, em que será essencial a capitalização", diz um trecho da nota da Colômbia.
Atualmente, existem no páreo duas candidaturas, ainda em nível informal: uma dos EUA e outra da Argentina,
o que poderá resultar em uma polarização no processo de escolha do novo dirigente do BID.
O candidato americano deverá contar com o apoio de governos liberais
e de direita na região, enquanto o argentino – que já conta com o apoio formal do México, terá a seu lado governos de esquerda
e centro-esquerda.