Nissan demitiu quase 400 funcionárias de sua fábrica em Resende, no Sul Fluminense
Divulgação/Nissan
Nissan demitiu quase 400 funcionárias de sua fábrica em Resende, no Sul Fluminense

A montadora de automóveis japonesa Nissan demitiu 398 trabalhadores de sua fábrica em Resende, no Sul do Estado do Rio de Janeiro, em decorrência dos efeitos da pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2). A empresa reduziu sua produção para um turno - originalmente eram dois, após o segundo ter sido criado em 2017.

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Segundo a empresa, após um mês de férias coletivas, os trabalhadores da fábrica estavam em suspensão temporária do contrato de trabalho há dois meses, conforme a MP 936, que terminaram na última sexta-feira (19). A Nissan pagará a indenização prevista na MP com as demissões após a suspensão, ainda dentro do período que previa estabilidade no emprego .

Segundo o texto redigido pelo governo e aprovado pelo Congresso, quem tivesse o c ontrato suspenso por dois meses teria quatro meses de estabilidade, sendo os dois sem contrato e mais dois após esse período.

De acordo com a empresa, as demissões são imediatas e foram comunicadas aos sindicatos.

Segundo o Valor , o corte representa 15,9% do quadro de funcionários em Resende, que era de 2.500 empregados. A fábrica da Nissan no Sul Fluminense produz os modelos March, Versa e Kicks, que custam entre R$ 59 mil e R$ 109,8 mil.

A Nissan explicou que, no início do ano, esperava crescimento nas vendas, mas com a chegada na pandemia, precisou mudar o planejamento. Uma fonte lembra que a previsão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é de queda de 40% nas vendas de automóveis no mercado brasileiro este ano - um recuo para os níveis de 2004, 16 anos atrás. E, em 2021, o crescimento não deverá voltar aos níveis de 2019.

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Em comunicado, a Nissan afirmou que "vem buscando adequar o seu negócio à nova situação do mercado automotivo no Brasil em decorrência dos reflexos da pandemia de Covid-19 e, em função da manutenção do cenário atual de forte retração, a empresa precisou adotar novas medidas para garantir a sustentabilidade da sua operação no país. (... ) Uma parte da equipe será alocada em outro turno, mas, infelizmente, não será possível integrar todos os postos de trabalho."

Parte dos trabalhadores originalmente contratados para o segundo turno em 2017 (quando 600 pessoas foram adicionadas à força de trabalho) foi aproveitada para o turno único que passará a funcionar a partir de quarta-feira (24).

A empresa não trabalha com a hipótese de mais demissões neste ano. O ajuste se coaduna com o volume de produção esperado para este ano e o ano que vem, afirmou.

Segundo Silvio Campos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, a decisão da Nissan foi arbitrária, unilateral, e a entidade vai denunciar o caso ao Ministério Público:

"Nós negociamos com todo mundo, com Volkswagen, Peugeot, etc, buscando saídas para mitigar esse momento dificil com a pandemia", disse Campos ao GLOBO . "Os cortes na Nissan surpreenderam o Sindicato. E a coisa já começa errada com a Medida Provisória. Embora a MP 936 dê estabilidade, também permite a demissão do trabalhador se a empresa decidir pagar a multa, e isso é péssimo para os trabalhadores. A Nissan agiu de forma unilateral", reclamou.

Aprovada no Congresso e à espera da sanção do presidente Jair Bolsonaro , a Medida Provisória autoriza as empresas a negociarem diretamente com os trabalhadores acordos de suspensão dos contratos por até 60 dias e redução de jornada e salário, de até 90 dias. Ainda está pendente a prorrogação da medida , que pode ser publicada em decreto.

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