Os preços no Brasil registraram deflação de 0,38% em maio deste ano, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (10). No acumulado de 12 meses, o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 1,88%, número bem abaixo do centro da meta estipulado pelo governo para este ano, que é de 4%. O número também está abaixo do piso da meta, que é de 2,5%.
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Foi o segundo mês consecutivo de deflação , e o percentual de maio foi o menor desde agosto de 1998, quando a inflação do país registrou queda de 0,51%.
O maior impacto negativo da inflação em meio veio do grupo Transportes (-1,9%), influenciado principalmente pela queda no preço dos combustíveis (-4,56%). Outros grupos que tiveram deflação em maio foram o de vestuário (-0,58%) e habitação (-0,25%).
Na habitação, a maior contribuição negativa veio da energia elétrica, que recuou 0,58%. No dia 26 de maio, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que irá manter a bandeira tarifária verde , sem cobrança adicional na conta de luz, até o fim do ano.
Na outra ponta, o maior crescimento no índice do mês veio do grupo Artigos de residência (0,58%), puxado pela alta dos artigos de TV, som e informática (4,57%).
"Esse aumento pode ter relação com o dólar, com o efeito pass-through, quando a mudança no câmbio impacta os preços na economia. E artigos eletrônicos normalmente são mais afetados porque têm muito componentes importados. Então a desvalorização do real acaba impactando o preço desses produtos também", indica Pedro Kislanov, gerente do IPCA do IBGE.
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Em maio de 2020, as 16 áreas pesquisadas pelo IBGE tiveram deflação. A última vez que isso ocorreu foi em junho de 2017, quando o país registrou deflação de 0,23%.
Alimentos reduzem alta
O grupo Alimentação e Bebidas desacelerou para 0,24% em maio, após ter registrado alta de 1,79% no mês anterior. Dentro deste segmento, os preços de cenoura (-14,95%) e as frutas (-2,1%) são apontados como destaques. Assim, o segmento Alimentação no Domicílio reduziu a alta para 0,33% em maio, após avanço de 2,24% em abril.
A Alimentação Fora do Domicílio também registrou desaceleração. Passou de 0,76% em abril para 0,04% em maio.
De acordo com o FVG/Ibre, o país registraria deflação de 0,5% em maio.
No mais recente boletim Focus , o mercado financeiro também projeta que os preços no Brasil vão fechar o ano de 2020 em 1,53%.
A deflação registrada em maio vem na esteira das políticas de isolamento social adotadas na maior parte do país. Com as pessoas dentro de casa e as compras reduzidas, mesmo com o foco nos canais virtuais, a oferta de produtos acaba sendo maior do que a procura por eles, gerando este cenário.
Em janeiro deste ano, o IBGE tinha divulgado a nova Pesquisa de Orçamento Familiares (POF), na qual o grupo de Transportes tinha se transformado no segmento de maior peso na inflação, superando Alimentação e Bebidas.
Em maio, porém, este cenário foi invertido e Alimentos voltaram a ter mais peso na inflação: "Como os alimentos ficaram relativamente mais caros, se tornaram mais representativos no orçamento. Os transportes, especialmente combustíveis, perderam preço", destaca Kislanov.