Após o petróleo desabar mais de 30% na abertura do mercado asiático desta segunda-feira, as bolsas globais despencaram. Na B3 (ex-Bovespa), a queda chegou a 10% por volta de 10h30, levando o mecanismo de circuit breaker a ser acionado. Mas, afinal, o que é isso?
O circuit breaker é acionado quando a baixa do Índice Bovespa (Ibovespa) atinge 10%. Os negócios são então paralisados por trinta minutos e retomados em seguida.
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Depois da retomada do pregão, se a queda persistir, os negócios são novamente interrompidos quando a baixa chega a 15%. Desta vez, a paralisação é por uma hora.
Depois disso, a atividade na Bolsa é retomada. Caso o índice volte a cair e chegue a 20% de recuo, as negociações são suspensas novamente, mas é a B3 que decide por quanto tempo.
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O circuit breaker foi instituído pela Bolsa de Nova York em 1987.
Lá, ele também tem três estágios: no primeiro, qualquer queda ou alta de mais de 50 pontos interrompe as ordens automáticas por computador. As ordens de compra e venda de ações passam a ser verbais.
No segundo estágio, o pregão é paralisado se a queda ou a alta ultrapassa os 350 pontos. Finalmente, se a oscilação ultrapassar 550 pontos, o pregão para por uma hora.
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Na crise financeira global de 2008,
o circuit breaker
virou quase uma rotina no Brasil e no exterior.
O caso mais recente ocorreu em 18 de maio, um dia após a divulgação, pelo colunista do GLOBO Lauro Jardim, de áudios sobre conversa entre o empresário Joesley Batista e o ex-presidente Michel Temer, na qual Temer dá aval para compra do silêncio do ex-deputado Eduarco Cunha.
Outros casos antes da crise de 2008
Antes da crise de 2008, quando o circuit breaker virou quase rotina na Bolsa, o país tinha permanecido quase dez anos sem nenhuma ocorrência. Em 14 de janeiro de 1999, no ápice da maxidesvalorização do real e na véspera da adoção do câmbio livre no país, houve histeria no mercado.
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A então Bovespa,
em apenas 12 minutos de negócios, caiu mais de 10%, acionando o circuit breaker.
Enquanto o presidente interino do Banco Central,
Francisco Lopes, explicava, em Brasília, as mudanças no câmbio, as bolsas europeias caíam mais de 5%.
O circuit breaker já havia sido acionado no dia anterior, quando o mercado financeiro viveu seu pior dia desde a decretação da moratória russa, em setembro de 98.
A paralisação da negociação da ações, aliás, já havia ocorrido em plena crise da Rússia, primeiro, no dia 10 de setembro, quando os mercados viveram um dia de tensão. Tanto a Bolsa do Rio quanto a de São Paulo tiveram que acionar duas vezes o circuit breaker, fato que nunca tinha acontecido antes.
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A primeira paralisação ocorreu quando a baixa chegou aos 10% e a segunda, aos 15%. Naquele dia, os mercados já abriram em queda e, desde o início da manhã, só fizeram cair.
O principal motivo foi a ação desastrosa do Banco Central (BC) na véspera, quando, após o fechamento das bolsas, o BC não conseguiu vender, num leilão informal, títulos de sua emissão com taxas prefixadas e prazos curtíssimos.
Com isso, mostrou que poderia aumentar os juros. No dia 17 de setembro, o mecanismo voltou a ser utilizado.
As outras três vezes que o pregão das bolsas brasileiras foi interrompido por baixas a partir de 10% foi em 1997, durante a crise asiática: nos dias 27 de outubro (dia em que foi criado e usado pela primeira vez), 28 de outubro e 12 de novembro.