A alegria do carnaval é impagável, mas proporcionar uma experiência bem-sucedida nesses quatro dias de folia não sai de graça. Em Belo Horizonte, que deve levar cerca de 5 milhões de pessoas para as ruas no carnaval de 2020, o sonho de ter o seu próprio bloco de carnaval pode custar pelo menos R$ 3.500.
Esse foi o valor gasto pelo jornalista Robson Abreu em 2013 quando ele lançou o “Quem não se comunica se trumbica” um bloco de e para comunicadores que mudou de nome em 2016 para “ Bloco de Belô ”.
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“Foi tudo muito simples, éramos 15 pessoas, fiz camisetas e aluguei um carro de som,
era uma Parati, daqueles que fazem mensagens, sabe?”, recorda Abreu, com certa nostalgia, já que seu bloco em 2019 levou 180 mil pessoas para a folia.
“Desde o primeiro ano sempre consegui patrocínio, não tive que tirar dinheiro do bolso . O que muda é a dimensão. Quanto mais gente, mais queremos garantir uma experiência legal”, afirma.
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O mesmo desejo de ter um bloco de rua para chamar de seu fez um grupo de amigos criar o “ Quando Come Se Lambuza
”, em 2015.
"O custo do primeiro bloco foi em torno de R$ 5.000 , com as camisetas e sonorização feita em uma Kombi. Começou como um brincadeira de amigos, um bloquinho de rua no Buritis (bairro da região Oeste da capital mineira) para aproveitar a onda do carnaval de Belo Horizonte”, conta um dos fundadores e produtor do bloco Christiano Ottoni.
Orçamento cresce com o público
Ottoni conta que no primeiro ano o QCSL já levou cerca de 5.000 pessoas para as ruas. E os números não pararam de crescer. No ano passado, foram 300 mil foliões , com um investimento de R$170 mil. Para 2020 a expectativa é que sejam investidos R$ 220 mil.
Segundo o produtor, os maiores custos são de sonorização, ou seja, o carro de som. “Neste ano vamos usar um trio elétrico grande e outro menor de apoio”, conta Ottoni. Os equipamentos, no cálculo do produtor, equivalem a pelo menos 30% dos investimentos para o bloco.
O Bloco de Belô também está investindo em um carro de som maior em 2020. “A sonorização é cara. Um trio elétrico, ou um minitrio, pode variar o preço de R$ 4.000 a R$ 28 mil, dependendo da capacidade de som, estrutura. Tem trio do mais simples até aquele com camarim”, conta Abreu.
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. No ano passado, o custo foi de R$ 20 mil e 180 mil foliões seguiram o bloco.
Outros custos altos, segundo Ottoni são as demais estruturas, como ambulância e pessoal, que no caso do QCSL chega a 250 pessoas na hora do desfile. Robson Abreu também lembra da equipe, que envolve cordeiros, músicos e pessoal de apoio, alimentação para todos, camisetas e material promocional.
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De onde vem o dinheiro?
Segundo Ottoni, 90% dos recursos vem de patrocínios. “Com o crescimento do carnaval de Belo Horizonte as grandes marcas viram na festa uma oportunidade de conversar com seus públicos”, comenta.
Robson Abreu, concorda. Para o jornalista, os custos da maioria dos blocos de carnaval é coberto por patrocínios tanto da iniciativa pública como privada . “Por meio de um edital, é possível conseguir o patrocínio da prefeitura (de Belo Horizonte) via Belotur”, explica Abreu.
A busca pelo patrocínio acontece a cada ano. Em 2019, o Bloco de Belô não foi contemplado com o patrocínio da Prefeitura, e sim de uma rede de supermercados da cidade. Já neste ano, o apoio via Belotur foi garantido.
A Skol Puro Malte é a patrocinadora master do carnaval 2020 de Belo Horizonte. “Além de contribuir com a prefeitura para que o evento conte com a infraestrutura adequada, o apoio aos blocos também é fundamental. Este ano, estamos juntos de mais de 10 blocos de regiões e estilos variados , pois acreditamos na importância deles para a cena da cidade”, destaca Fernanda Federico, gerente de marketing da Skol Puro Malte.
Além do patrocínio o QCSL arrecada dinheiro com festas e ensaios promovidos ao longo do ano, além de venda em sua loja virtual com produtos personalizados.
É alegria, e é negócio também
Depois de sete anos na estrada, no caso do "Bloco de Belô" e cinco de vida do "Quando Come Se Lambuza", os blocos já se tornaram um negócio , e ele é lucrativo, segundo seus fundadores.
“Foram quatro anos (os primeiros) trocando cebola, mas já tem três anos que o bloco é lucrativo sim ”, afirma Robson Abreu do Bloco de Belô. “Hoje conseguimos pagar toda a equipe envolvida, reinvestir no bloco, apoiar projetos sociais e ainda sobra”, conta Abreu.
Segundo Christiano Ottoni, o Quando Come Se Lambuza passou o carnaval e hoje é uma “ marca com negócios o ano inteiro ", diz.
“O carnaval mesmo não é tão lucrativo, mas a marca certamente é. Além de remunerar a equipe que trabalha, a banda que surgiu do bloco, faz shows, tem uma série de profissionais envolvidos, tem vida e gera recursos o ano todo”, explica. A equipe fixa do QCSL está hoje em torno de 50 pessoas , segundo o fundador do bloco.
Tanto Christiano Ottoni quanto Robson Abreu afirmam que para além do negócio, a alegria de colocar o bloco na rua não tem dinheiro que pague. "No ano passado, quando eu estava lá no alto do trio e vi todas aquelas pessoas, cantando, curtindo a nossa música, fiquei emocionado", relata Abreu.
"Ver a quantidade de pessoas que também estão ali trabalhando e fazendo a economia girar, a diversidade de pessoas , inclusive turistas, e a visibilidade midiática do carnaval de Belo Horizonte ficando cada vez maior, nos traz uma satisfação imensa", conclui Ottoni.