Cerveja infinita enquanto durar a festa, drinques exclusivos, acesso a espaços gourmet, banheiros com melhor estrutura e muita mordomia. Essas são algumas das experiências que influenciam muitas pessoas a optarem pelo ingressos vips com direito ao open bar.
É justamente nessa época, a menos de vinte dias para o Carnaval de 2020 , que muitas festas particulares oferecem o serviço do open bar, principalmente nas capitais com maior tradição da festividade, como Olinda, Recife, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.
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Em muitos eventos, há apenas a opção do ingresso open bar. Mas, em outros, o cliente pode escolher entre o ticket comum com direito apenas a entrar na festa e o com acesso aos benefícios dentro do que já foi pago, como a bebida alcoólica liberada,
o mais comum. Mas, a dúvida de muitos foliões é justamente saber: vale a pena ir em um evento open bar?
Essa conta fecha?
A resposta é que não há um consenso sobre o assunto. Cada caso deve ser avaliado em particular pelo cliente, a depender do seu perfil de consumo. É o que diz Juliana Moya, especialista da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste). "Quem quer comprar um ingresso open bar precisa saber o seu tipo de consumo, qual quantidade ele geralmente bebe em um evento para calcular se vale a pena ou não, além de analisar o preço cobrado", explica.
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Moya diz ainda que uma outra preocupação que o cliente deve ter é checar a qualidade e o tipo da bebida oferecida pela festa. "Em muitas ocasiões, o gerenciador da festa coloca muito gelo nas bebidas para compensar o gasto, em outras, as marcas deixam a desejar. Ao exibir o cartaz do evento, não destaca que há um horário limite para o consumo ou não informa quais as marcas de bebida servidas e isso pode frustrar o cliente. O barato pode sair mais caro
", alerta a especialista da Proteste.
O estudante Jefferson Júlio, 23, diz que é um frequentador assíduo de festas com o serviço de open bar. Para calcular se vale a pena, ele sempre procura saber o tipo da bebida, se deve durar a noite toda e se o evento vai vender ingressos comuns também. "Quando a festa não é exclusiva open bar e há também outra forma de consumir, eu vejo qual será o preço da bebida vendida aos clientes para entender se compensa. Mas, isso é muito particular porque cada um sabe a quantidade que gosta de beber", diz.
Em uma das últimas festas que ele foi, o ingresso custou R$ 120 e era open bar de cerveja e gim. Mas, durante o evento o destilado acabou. "Como eu não gosto muito de cerveja, não compensou porque se eu fosse comprar as latinhas, eu sei que não beberia tudo que paguei no ingresso e me senti no prejuízo", lamenta. Jefferson preferiu não denunciar a festa porque nem sabia que poderia correr atrás do prejuízo.
O museólogo Edvaldo Xavier, 24, também costuma ir em eventos open bar. Ele diz que, em muitos casos, compensa se comprar o ingresso no primeiro lote, geralmente mais barato. "Eu sempre coloco na balança se quero beber muito em uma festa, se quero aproveitar apenas sóbrio para assistir a uma apresentação, ou se só quero me divertir com amigos e ouvir musica", explica.
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Ele costuma comprar ingressos para esses eventos nos valores entre R$ 50 e no máximo R$ 150. "Mais do que isso não vale a pena, no meu caso. Eu não bebo muito e também não faço questão de outros privilégios que o open bar pode oferecer.
Economicamente é mais rentável até esse valor. Mais do que isso, acho que fico no prejuízo", destaca. Xavier diz ainda que já foi em eventos que a bebida estava quente e ficou frustrado com o valor pago e o resultado entregue.
E para idealizar um open bar, vale a pena?
O empresário Gibran Gomes, 31, é idealizador de uma festa open bar no Recife. A Tarantina foi criada há três anos por ele e um amigo. No início, o evento tinha edições com o bar aberto ao público e outras só com open bar.
Mas, nas últimas festas, Gibran percebeu que compensa mais investir no modelo com bebida inclusa no ingresso. Para ele, é preciso conhecer o público que frequenta o seu evento para tomar decisões. "O nosso frequentador é jovem e gosta da ideia de ter bebida à vontade", explica.
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Como ele já tem experiência no assunto e a festa segue o mesmo formato, o cálculo para saber a quantidade de bebida
suficiente para o seu público é de seis latinhas de cerveja por pessoa.
Como na festa costumam comparecer cerca de 300 a 400 pessoas, a margem das bebidas pode variar. Além das cervejas, a conta do destilado também depende do número de ingressos vendidos. Geralmente, eles compram 24 vodkas e três fardos de refrigerante de cada tipo para 300 pagantes. Os ingressos variam entre R$ 60 (no primeiro lote) e podem chegar até R$ 120 (na porta da festa).
“Para nós o open bar vale muito a pena. Vendemos boa parte dos ingressos antes da festa, então com o dinheiro, a gente já consegue comprar as bebidas e ter uma ideia de quantas pessoas vão comparecer para não correr o risco de acabar”, diz Gibran.
O empresário explica também que costuma adquirir com fornecedoras as bebidas no formato consignado. Ou seja, eles podem pegar uma quantidade maior e devolver, caso não precisem usar tudo.
A grande dor de cabeça para quem frequenta o open bar é a bebida ficar quente demais ou acabar no meio da festa. Sobre isso, ele conta que quase todos empresários já devem ter passado pela situação delicada, porque às vezes foge do controle.
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Mas avalia que é importante estar preparado para solucionar a situação com rapidez. “Se em alguns eventos a gente não conseguir o consignado, já deixamos um carro preparado e se acabar os nosso produtos vamos ao mercado mais próximo parar comprar suprimentos, mesmo que sejam mais caros. O cliente pagou pelo open bar então é justo que a gente faça a reposição”, pontua.
Paguei por um open bar por todo o evento e a bebida acabou. O que fazer?
Na internet é comum as pessoas que foram lesadas em um evento open bar postarem as denúncias para expor a festa ou a casa de eventos. Buscamos por open bar no site Reclame Aqui e achamos algumas publicações.
Mas, de acordo com o Procon de São Paulo, as reclamações não saem da web. O órgão informou que são raros os casos em que as pessoas procuram os seus direitos para serem ressarcidos nas situações ocorridas em festas open bar.
A coordenadora do Procon de São Paulo Renata Reis diz que antes de ir em um evento com bebida liberada é importante entender se há um horário para o open bar acabar ou se há algum tipo de restrição do produto.
“Os produtores de evento precisam informar tudo ao cliente, porque se for entendido que não houve a devida comunicação ou se ela não estava de forma destacada, o consumidor pode se sentir lesado e procurar os seus direitos”, alerta.
Para realizar a denúncia, o cliente pode procurar o Procon de sua cidade e levar provas e indícios que comprovem o que aconteceu. “Informações e fotografias são importantes nesses processos”, diz Renata Reis.
Ela pontua que em muitos casos, entende que é difícil o cliente comprovar que a bebida acabou. “Mas mesmo assim, vamos notificar a empresa para que ela comprove que tinha bebida suficiente até o fim do horário estabelecido, eles também precisam comprovar o que foi oferecido”, destaca.