Natal, João Pessoa, Fortaleza, Salvador, Aracaju e Teresina são as seis melhores cidades do Nordeste para investir em negócios voltados para o público universitário.
Completam o ranking dos dez municípios mais promissores, as cidades de Brasília, Juiz de Fora, Goiânia e Manaus. O levantamento foi realizado pela consultoria Goakira e traz novidades sobre o setor focado nos negócios inteiramente dedicados aos jovens universitários.
A pesquisa mostra que 60% das cidades listadas estão no Nordeste e possuem demanda para o público acadêmico, mas que por outro lado, os investimentos ainda deixam a desejar para áreas que não sejam o turismo.
Em entrevista ao Brasil Econômico, Deborah Machado, consultora da Goakira Consultoria, diz que a pesquisa mostra que regiões como o Norte e o Nordeste oferecem menos concorrência e o mercado pode ter um retorno maior.
“Por exemplo, há muitas operações no Nordeste voltadas para o turismo, mas a gente percebeu que a região ainda é muito carente de boas opções para o público universitário em potencial. Em muitos casos, as franqueadoras acabam se concentrando na região Sul e Sudeste”, explica.
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De acordo com o balanço da Associação Brasileira de Franchising (ABF), na distribuição geográfica das 50 maiores marcas
franqueadas no País, 73% estão na região Sudeste e Sul.
Ranking:
O nicho dos universitários
traz demandas específicas muitas vezes atendidas por empresas que focam em desenvolver produtos voltados para essas necessidades.
Esse é o caso de bancos e suas ofertas de créditos com condições especiais para esses estudantes, redes de agências de intercâmbio, indústrias de bebidas focadas em atender jovens consumidores brasileiros e até redes de fast-food instaladas nas proximidades desses centros de estudo.
Oportunidade no interior
Apesar de ser a única cidade que não é capital na lista das dez mais promissoras para o investimento, Juiz de Fora, em Minas Gerais, ganha destaque por ter uma alta concentração de centros universitários com cursos presenciais.
Foi lá que quinze anos atrás um grupo de cinco amigos enxergou no segmento e no público de estudantes do ensino superior uma oportunidade de negócio.
Em 2005, os amigos Renato Menezes, Marcelo Gonçalves, Vitor Pedrosa, Fernando Sotrate e Mylliano Salomão fundaram a Viva Eventos, atualmente a maior empresa de eventos do Brasil, que atende a mais de 200 municípios.
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Atuando há oito anos no sistema de franquias, a Viva Eventos conta com quase 50 mil clientes
ativos e pretende atingir 80 franquias
até 2023.
A empresa administra mais de 1.500 fundos de formatura e conta com 24 unidades em cinco estados, incluindo as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória e Porto Alegre.
Renato conta que atualmente são 1.300 eventos no ano, na região Sudeste e Sul. O próximo passo da empresa é abrir novas franquias nas outras regiões do Brasil.
“O Nordeste é um dos nossos focos agora porque enxergamos muita oportunidade na região. É um mercado em desenvolvimento que vai agregar à nossa nova fase”, diz.
O gestor Renato Menezes conta que no início os amigos organizavam festa e lucravam em torno de R$ 300, quando estavam no fim da faculdade. “A gente era novo, estudante, sabia o que o público jovem queria em um evento”, lembra.
O grupo participou da sua própria comissão de formatura e enxergou que na cidade o mercado não era profissionalizado e a carência de serviços era muito comum. “As empresas ofereciam o mesmo serviço, não tinham um diferencial”, diz Renato.
Após implementar novidades na própria festa, o grupo teve a ideia de abrir uma empresa de formaturas. Nos primeiros oito meses fecharam negócio com 104 turmas apenas em Juiz de Fora.
“O nosso estilo era oferecer uma experiência a um dos dias mais importantes na vida de nosso cliente”, lembra.
Em poucos anos, o grupo se tornou líder de mercado, com sedes e franquias. Entre os eventos realizados pela rede estão bailes de gala, colações, jantares dançantes, eventos religiosos e pré-eventos, além do cerimonial, planejamento, arrecadação e execução de cada etapa.
De acordo com estimativas da Associação Brasileira das Empresas de Eventos (ABEOC Brasil), as festas de formatura movimentaram cerca de R$ 1,7 bilhão em 2018 .
A indústria hoje já oferece diferentes padrões de festa, que podem ter atrações famosas, ambientes com espaços temáticos, opções variadas de alimentos e bebidas, além de durarem até o amanhecer.
"Vamos levar esse modelo de gestão para o Brasil todo. Fazemos festas hoje com artistas conhecidos nacionalmente como Anitta e Skank. Ao todo são mais de 300 produtos no nosso portfólio. Acredito que com a expansão para regiões com mercado universitário promissor, vamos ajudar a profissionalizar ainda mais o mercado de formaturas no País", destaca Renato.
Como a pesquisa foi feita
Para realizar o estudo, a consultoria utilizou os critérios de escolher as cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes, contabilizar o número de instituições de ensino superior, o percentual de jovens com idade entre 18 e 34 anos e a renda média em cada município.
A pesquisa leva em conta uma faixa etária de alunos entre 18 e 34 anos, o que representa 80% do total do público universitário no Brasil.
A consultora Deborah Machado diz que atualmente o perfil do universitário não é só o jovem que acabou de sair do ensino médio, mas também pessoas mais velhas.
“É uma mudança de público que talvez as pessoas e as próprias empresas não estejam enxergando, mas que vem muito como resultado dessa acessibilidade à educação ocorrida nos últimos anos", explica.
"Hoje, as pessoas com mais de 30 anos, que antigamente não conseguiriam cursar uma faculdade, agora estão conseguindo”, pontua a representante da Goakira.
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Para listar o ranking, as 20 primeiras cidades do País em quantidade de instituições de ensino superior
foram analisadas quanto à concentração de público jovem versus a população total do município.
Depois, os dez primeiros municípios com maior concentração de jovens foram ranqueados de acordo com a renda média domiciliar .
Brasília, por exemplo, conta com 104 instituições, tem um percentual de jovens de 25,96% – um em cada quatro moradores, além da renda média familiar de R$ 8,6 mil.
Embora apresente menor número de instituições de ensino que a terceira colocada, Goiânia, a cidade mineira de Juiz de Fora ficou em segundo lugar por registrar renda média domiciliar maior do que a capital goiana.
Grandes capitais – como São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre – não figuram na lista por apresentarem concentração de jovens de 21%, enquanto a média das 10 primeiras cidades ranqueadas é de 24%.