Carnaval é época de gastar o dinheiro guardado aproveitando a folia, certo? Errado. Para quem está precisando de uma grana extra , o feriado também é um ótimo momento para ganhar dinheiro . E aí vale de tudo, desde fazer fantasias para vender, até comercializar bebidas nos blocos ou alugar o banheiro da casa para os foliões.
E pode até parecer que não, mas dá para tirar um bom dinheiro durante o Carnaval e os finais de semana de pré e pós-festa. A profissional de atendimento Lucimara Lima conta que, antes de arriscar vender bebidas durante o Carnaval paulista de 2019, não acreditava quando falavam do lucro obtido na data. “A princípio, eu achei que era balela. Quando falavam de lucro, eu falava: não, é um absurdo”, lembra.
Lucimara pagou para ver e, depois de investir R$ 200 na compra de bebidas, lucrou, junto com o marido, mais de R$ 6,5 mil em oito dias de festa. “Foi o que segurou a gente durante alguns meses referente a aluguel e contas”, afirma.
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O que dá para vender durante o carnaval?
Lucimara é só uma dos milhares de ambulantes que aproveita, o Carnaval para vender. Mas há quem já comece a ganhar dinheiro antes mesmo da festa iniciar. É o caso da autônoma Larissa Santos, moradora de São Vicente, no litoral paulista. No último ano, ela e as amigas customizaram as próprias fantasias . Neste ano, Larissa resolveu dar um passo a mais e está vendendo plaquinhas e arcos personalizados pela internet.
“Sempre tive essa ideia, gosto muito das coisas feitas à mão. Então, resolvi esse ano começar a divulgar para vê se iria dar certo”, conta. E deu. Até agora, Larissa já recebeu várias encomendas, o que deve gerar um bom lucro para ela. A autônoma gostou tanto da ideia que já pretende produzir adereços para outras épocas do ano, como as festas juninas.
E se o assunto é fantasia, não pode faltar o glitter . Foi justamente isso que a analista de projetos Gabrielly Amaral decidiu vender no Carnaval de 2019, em Belém. Além do produto, ela vendeu também pochetes e óculos de sol durante os blocos . E as vendas foram bem.
Gabrielly diz que para inovar na escolha dos produtos é preciso entender o que está em alta no momento. “As pochetes e glitter estavam. E eu pensei em mim, em como me sentiria confortável e produzida para curtir o carnaval [com esses itens]”, conta. Neste ano, ela pretende vender os mesmos produtos, além de viseiras, junto com a namorada no Carnaval de São Paulo, onde mora agora. “Tinha um dinheiro guardado que investi [em produtos], se tiver muita venda irei comprar mais”, explica.
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Assim como na hora de escolher as fantasias , para decidir a melhor forma de ganhar dinheiro no Carnaval é preciso usar a criatividade. Se há quem abra a porta de casa para que os foliões usem o banheiro em troca de uma grana extra , também há quem pense no produto a ser vendido focando na fila do banheiro.
É o caso da engenheira civil Lívia Marinho. Desempregada, ela resolveu soltar a imaginação para ganhar dinheiro. No último Natal, fez gorrinhos para gatos e cachorros e, neste Carnaval , vai vender papel higiênico e lenços umedecidos perto dos banheiros químicos dos blocos da cidade de São Paulo. Lívia mora em Santos, no litoral paulista, mas está com expectativas de que a viagem seja compensada com boas vendas. “Ainda não tenho noção se vai dar super certo essa ideia, mas estou com expectativa de lucrar pelo menos uns R$ 400 por dia”, afirma.
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Trabalhando credenciado
Outra alternativa para ganhar dinheiro no Carnaval que exige menos criatividade é trabalhar vendendo as bebidas credenciadas junto às prefeituras durante os blocos.
Cidades turísticas como São Paulo , Belo Horizonte , Rio de Janeiro e Salvador possuem empresas que patrocinam o Carnaval e, portanto, as prefeituras abrem vagas para que ambulantes se credenciem e vendam as bebidas oficiais da festa.
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É o caso de Lucimara, citada no início da reportagem. Além dela, outros ambulantes também afirmam que dá para tirar um bom dinheiro na venda de bebidas . O professor Flávio Santos, conta que, junto com o marido, conseguiu lucrar, nos oito dias de festa, entre R$3,5 mil e R$4 mil. “A ideia é esse ano investir um pouco mais e conseguir fazer mais”, conta.
A microempreendedora Priscilla Souza também esteve com seu isopor nas ruas paulistanas no Carnaval de 2019 e conta que as vendas oscilam bastante. “Teve dia de fazer mil reais e teve dia de fazer R$ 200. Eu fiquei satisfeita. Fora que é muito divertido trabalhar no Carnaval”, brinca.
Flávio também diz que, apesar de não conseguir curtir a festa da maneira que curte quando não está trabalhando, o dinheiro arrecadado compensa. “A vantagem financeira vale a pena. Dá para você aproveitar, ganhar um dinheiro e curtir os blocos que estão passando ali, então é bem bacana. Não dá para acabar curtindo, bebendo, extrapolando, mas dá para tirar um barato”, conta.
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A voz da experiência
Para quem vai vender pela primeira vez no Carnaval , a insegurança bate na porta. É o caso da analista financeira Katiman Martins, que vai vender bebidas junto com o marido nos blocos paulistanos. “Confesso que estou com um pouco de medo”, diz.
Para quem já tem experiência no meio dos foliões, algumas dicas são essenciais para que as vendas deem certo. A assistente administrativa Anna Lima vai levar o isopor às ruas pelo segundo Carnaval , e diz que aprendeu que é preciso um planejamento prévio antes de sair vendendo. “Não faça uma compra absurda logo de cara, entenda o público. É legal se atentar aos blocos e fazer um planejamento de pré, durante e pós-carnaval. Analisar o público e atração do bloco de rua ajuda muito”, aconselha.
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Flávio conta que, no caso da venda de bebidas, essa análise do público se torna ainda mais importante. “Dependendo do bloco, as pessoas acabam levando a própria bebida, então não tem muita venda”.
Outra dica que vale para qualquer tipo de venda é investir em uma maquininha de cartão . “Precisa ter. Eu já vendi sem maquininha e acabei perdendo muita venda”, conta Flavia Fernandes, que é ambulante no Carnaval de São Paulo há três anos.
Para manter a segurança, é importante sempre ter uma companhia e tomar cuidado com a multidão. “Ser ambulante não é fácil”, diz Lívia. “Quase não tem ninguém para proteger a gente [ambulantes] e, sim, é perigoso”, alerta Flavia.