A Embraer emitiu um boletim alertando os proprietários e operadores do avião Phenom 300 , um dos seus jatos executivos mais usados no Brasil, para uma inspeção preventiva depois de relatos recebidos de casos de corrosão em um dos componentes do avião.
Segundo a Embraer, a corrosão pode levar a um desbalanceamento de componentes do jato, o que em conjunto com determinadas condições de voo, poderia resultar na perda de controle da aeronave.
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A Embraer confirmou à agência O Globo que a revisão atinge 30% da frota global
dos Phenom, cerca de 150 aeronaves. De acordo com especialistas consultados pel agência trata-se de um "recall".
Uma unidade do modelo Phenom 300 da Embraer esteve no centro de uma polêmica política na última sexta-feira (8). A aeronave foi utilizada pelo ex-presidente Lula , logo após sua saída da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba, para viajar para o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Depois disso, postagens em redes sociais afirmavam que o jatinho tinha sido um empréstimo do apresentador e presidenciável Luciano Huck
, que logo desmentiu a informação.
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Na verdade, o apresentador da Globo é sócio da Brisair Serviços Técnicos Aeronáuticos que, juntamente com a Icon Táxi Aéreo, é proprietária da aeronave
que transportou o ex-presidente. A viagem de Lula foi contratada pelo Partido dos Trabalhadores junto a Icon Táxi Aéreo.
Entenda o Recall
O Phenom 300 é uma aeronave bimotor de pequeno porte, com capacidade para transportar entre sete a dez passageiros. Seu alcance de voo é de 3,6 mil quilômetros, o que permite, por exemplo, um voo direto entre Brasília e Buenos Aires, sem escalas.
O avião pode atingir até 839 quilômetros por hora e chegar a uma altitude de 13.716 metros. A aeronave custa cerca de US$ 9 milhões (o equivalente a R$ 37 milhões).
Desde 2009, foram entregues 500 aeronaves dese tipo pela Embraer.
Segundo o texto do comunicado, assinado pelo presidente da unidade de serviço e suportes da Embraer, Johann Bordais, a corrosão foi encontrada "nas massas de balanceamento dos profundores".
O profundor é o estabilizador horizontal da aeronave que fica na cauda do avião e poderia ficar desbalanceado por conta do problema. A Embraer informou que está coletando informações das aeronaves inspecionadas e que os dados estão sendo repassados à área de engenharia.
Houve pelo menos três relatos
do problema e a região de operação da aeronave tem "contribuição relevante" para a corrosão, segundo a empresa.
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Tendo em vista que há um grupo de aeronaves mais suscetível às condições observadas, a Embraer ainda declarou que está divulgando uma revisão de boletim de serviço para inspeção em prazo mais curto.
Clientes do chamado grupo 1 devem fazer a revisão em três dias ou após 5 horas de voo. Pelo menos 20% da frota deverá fazer a inspeção nesse prazo. Já as aeronaves do grupo 2 - que correspondem a 10% da frota - terão que fazer a revisão em um prazo de 60 dias ou 100 horas de voo.
Bordais reconhece que a empresa enfrentará “restrições mais imediatas em termos de possíveis peças requeridas para o completo cumprimento do serviço e que a revisão do boletim de alerta poderá impor impactos significativos
nas operações de alguns clientes no curto prazo.
"Com foco em garantir a segurança das aeronaves, a Embraer está trabalhando para eliminar todas as possibilidades de restrições minimizando o impacto das operações das aeronaves e resolver a situação mais rápido possível", diz a nota da empresa.
Outro trecho da nota afirma que " nenhum incidente foi registrado
e a Embraer desenvolveu uma ação corretiva aprovada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que emitiu um diretriz de navegabilidade, no dia 8 de novembro, que foi seguida por outras autoridades aeronáuticas do mundo".
Dois especialistas em aviação consultados pela agência O Globo, sob a condição de anonimato, observam que o risco trazido pela corrosão de uma peça é o aparecimento de uma fissura , que faça o componente se partir.
Segundo esses especialistas, toda a aeronave nova ou usada, é inspecionada constantemente num processo chamado de aeronavegabilidade continuada. Caso a inspeção observe qualquer problema que não esteja relatado no manual de operação da aeronave, o caso deve ser levado ao departamento de engenharia do fabricante e a peça substituída.
"Se há vários informes sobre o mesmo problema, a fabricante emite um boletim de serviço, que é revisto com o passar do tempo, como neste caso da Embraer. Se a conclusão é que a segurança da aeronave está em xeque, então é emitido um documento com caráter normativo , em que o componente precisa ser substituído"explica um dos especialistas. .
"A ANAC tem a responsabilidade de fiscalizar
se a peça foi substituída, diferente do que acontece com recalls do setor automotivo, em que nenhuma autoridade fiscaliza se o proprietário fez o serviço", acrescenta.
Prejuízo cresceu no terceiro trimestre
No terceiro trimestre deste ano, o prejuízo da Embraer chegou a R$ 314,4 milhões, frente aos R$ 52,2 milhões apurados no mesmo período do ano passado. É um crescimento de mais de cinco vezes no prejuízo. Já a receita recuou de R$ 2,57 bilhões no terceiro trimestre de 2018 para R$ 2,53 no mesmo período deste ano.
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A Embraer informou nesta semana que espera que o acordo com a Boeing
na área de aviação comercial esteja concluído apenas no fim de março de 2020 e não mais no fim de janeiro .
A informação foi dada pelo do vice-presidente executivo financeiro e de relações com investidores, Nelson Salgado, durante teleconferência para apresentação dos resultados da empresa do terceiro trimestre.
Salgado afirmou que a comissão antitruste da União Europeia pediu informações adicionais sobre o negócio e, até que elas sejam fornecidas, a análise fica paralisada.