Pressionado, o governo divulgou nesta quinta-feira (25) os dados desagregados da economia projetada com a reforma da Previdência, que prevê um valor global de R$ 1,236 trilhão em dez anos, um pouco maior do que o R$ 1,1 trilhão divulgado anteriormente . A maior parte da economia virá com a reforma para os trabalhadores do regime geral, que paga os benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social): R$ 807,9 bilhões.
A equipe econômica vinha resistindo em divulgar os números, alegando que tinham caráter restrito. A estratégia era detalhar o impacto fiscal da reforma da Previdência somente durante as negociações na comissão especial, que pode alterar o texto enviado pelo Executivo. Diante de vários requerimentos enviados por parlamentares à Secretaria de Previdência para ter acesso aos dados, porém, o governo foi obrigado a se antecipar.
Segundo os dados preliminares divulgados no dia do envio da reforma ao Congresso, do total de R$ 1,164 trilhão, a maior economia virá das mudanças na aposentadoria dos trabalhadores do setor privado , de R$ 715 bilhões. No caso dos servidores públicos da União, o ganho fiscal foi estimado em R$ 173,5 bilhões, mais R$ 29,3 bilhões, decorrentes do aumento progressivo das alíquotas de contribuição previdenciária.
O governo havia estimado uma economia de R$ 92,3 bilhões com reforma do sistema de aposentadorias das Forças Armadas — valor incluído na conta de R$ 1,164 trilhão em dez anos. Ao detalhar o projeto posteriormente, contudo, o ganho fiscal foi projetado em R$ 10,45 bilhões porque a proposta incluiu aumentos salariais decorrentes da reestruturação da carreira dos militares. As despesas somariam R$ 86,85 bilhões e a economia, R$ 97,3 bilhões.
As mudanças nas regras para a pensão por morte e o BPC (Benefício de Prestação Continuada) economizariam R$ 111,7 bilhões e R$ 34, 8 bilhões, respectivamente. Quanto às propostas para os trabalhadores rurais, o alívio projetado é de R$ 92,4 bilhões. Esses três pontos são os mais criticados dentro do Congresso Nacional e devem ser alterados pelos parlamentares.
Palavras do presidente
Para Jair Bolsonaro (PSL), se a reforma da Previdência representar uma economia menor de R$ 800 bilhões em dez anos, "a situação vai explodir em 2022". Segundo o presidente, o Brasil ficará em situação parecida com a da Argentina, que vive uma crise econômica há anos. As afirmações foram publicadas no blog do jornalista João Borges, do portal G1 , que esteve presente em um café da manhã no Palácio do Planalto.
Questionado sobre a tramitação da reforma , Bolsonaro respondeu que o Congresso é soberano para fazer as mudanças que “melhor atendam as necessidades de todos”. "Eu espero que não haja nenhuma turbulência. Se Deus quiser, não haverá. E nós deveremos virar essa página da nova Previdência o mais rápido possível", disse, se mostrando confiante na aprovação do texto até o fim de junho.