A equipe de governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) prepara campanhas publicitárias e organiza reuniões com empresários para aumentar a chance de aprovar a reforma da Previdência, assim como feito pelo governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), que não conseguiu aprová-la.
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A ideia é apresentar o conteúdo do projeto da reforma da Previdência em primeira mão aos líderes de partidos aliados ao PS, para depois detalhar o texto com entidades empresariais e investidores, centrais sindicais, veículos de imprensa e a sociedade brasileira, A informação é do jornal Folha de S.Paulo .
Michel Temer, que assumiu a Presidência em 2016 após o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e adotou políticas reformistas e voltadas ao corte de gastos públicos, adotou modelo similar, e sofreu com a rejeição. Mesmo tendo a aprovação da reforma da Previdência como prioridade, não conseguiu aprovar a PEC 287/16, que ainda está em tramitação. A ideia de Bolsonaro é, inclusive, aproveitar o texto, promovendo as emendas e mudanças desejadas, e apresentá-lo ao Congresso Nacional.
Embora a ideia de Temer tenha fracassado, a nova equipe econômica acredita que a popularidade do governo e da própria figura de Bolsonaro, somada ao otimismo de início de mandato e a ampliação dos debates sobre a necessidade de reformar a Previdência na esfera pública, faz com que, novamente, o otimismo impere. Paulo Guedes
, ministro da Economia, trata o tema como prioridade absoluta em seus discursos, pregando corte de gastos e "resolver" a questão a médio e longo prazo.
O discurso que prevalece no alto escalão do governo é de que a reforma da Previdência busca atacar privilégios. Uma medida provisória (MP) já em vigor busca combater fraudes no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), no chamado ' pente-fino do INSS '.
Programação para a reforma da Previdência
Uma das prioridades da equipe econômica, a reforma atrai olhares e faz com que as informações sobre o tema se desencontrem. O governo tem enfrentado alguns atritos comunicacionais acerca da proposta. Entre falas e atualizações, o que se pode extrair é que o plano é iniciar a apresentação do texto da reforma entre a segunda e a terceira semana de fevereiro, segundo o secretário de Previdência do Ministério da Economia, Rogério Marinho.
Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni , o texto da reforma está pronto e será analisado pelo presidente da República, atualmente hospitalizado . Onyx diz que a "última palavra" será de Bolsonaro .
Somente após a palavra final do presidente o governo deve começar a chamar as lideranças partidárias na Câmara e então passar a detalhar o texto da reforma para todos, apresentando-o ao Congresso. Será feita uma emenda à PEC 287/16, proposta pelo governo Temer, que já está pronta para ser votada no plenário da Casa. Tudo isso está programado para o mês de fevereiro.
Com o texto apresentado, o governo se reunirá com aliados e empresários para discutir a apresentar detalhes, esperando apoio. Além disso, é esperado que a equipe marque uma série de entrevistas para detalhar o assunto e municiar a base de sustentação com informações para reforçar a necessidade de aprovar a reforma e os impactos que as novas regras para a aposentadoria teriam. Segundo Guedes, em um período de 10 anos, o Estado pode poupar até R$ 1,3 trilhão .
Onyx Lorenzoni reuniu ex-parlamentares que serão responsáveis pela articulação no Congresso. O governo ainda não é capaz de precisar o tamanho de sua base de apoio nas Casas (Câmara e Senado), e, por isso, estuda a liberação de cargos e emendas para conseguir o apoio necessário. Onyx e o ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, devem ser os principais responsáveis pelo diálogo com deputados.
O calendário de votações dependerá justamente desse período de negociação. O governo precisará entrar em acordo com Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre , presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente. Para aprovar a reforma da Previdência na Câmara, o governo precisa de três quintos dos votos, o que significa, na prática, 257 votos.