A economia argentina entrou em recessão. O recuo do país vizinho foi consolidado após dois trimestres consecutivos de declínio econômico e depois que o presidente Mauricio Macri recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
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De acordo com dados divulgados nessa terça-feira (18) pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) do país, a queda do PIB no terceiro trimestre foi de 0,7% em relação aos três meses anteriores, que já haviam registrado queda. Como ocorreram duas quedas consecutivas, é definida a recessão econômica da Argentina. Na comparação com o terceiro trimestre de 2017, a queda é de 3,5%.
De acordo com as projeções do FMI , 2018 fechará com a maior queda do PIB dentro do período “Cambiemos”, movimento que levou Macri à Presidência e defende o neoliberalismo: -2,6%. Além disso, não há perspectiva de crescimento para 2019, mas sim nova queda, de 1,6%.
No final de setembro, o presidente definiu 'pacote de socorro' com o fundo internacional, o que, na realidade, ampliou o acordo já vigente em US$ 7 bilhões, pois já havia sido selado acordo anterior no valor de US$ 50 bilhões, em agosto. Ou seja, o Fundo socorre a Argentina em um total de US$ 57 bilhões.
O país mergulhou em crise cambial que levou o Banco Central argentino a subir as taxas de juros para 45% ao ano e desvalorizar como há muito não se via o peso, moeda local, então o governo Macri entendeu que o ideal seria, portanto, recorrer a ajuda externa.
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A decisão, inclusive, é contestada por diversos setores na Argentina e entre economistas do mundo todo, sobretudo após Nicolás Dujovne, ministro da Fazenda, ter assegurado que o país não faria mais dívidas com o FMI, discurso que foi transformado em "reagir da melhor maneira para cuidar da Argentina e especialmente dos mais carentes”, após os novos acordos com o Fundo.
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No trimestre encerrado em setembro deste ano, as quedas mais fortes foram vistas no setor do comércio, -8,9%), a pesca, -7,3%, e a indústria manufatureira, -6,6%. O melhor desempenho foi o da atividade de intermediação financeira, que teve crescimento de 5,1%.
Socorro ao FMI, a recessão e os argentinos
De modo geral, a população argentina não apoia o pedido de socorro. Poucos dias após o anúncio de que o governo pediria ajuda ao FMI, pesquisas mostraram que a maioria dos argentinos reprova a decisão.
O Centro de Estudos de Opinião Pública (CEOP) aponta que 77% da população considera a medida negativa. "Deve-se levar em conta que a memória coletiva se nutre de más recordações de tempos indesejados que se associam ao temido FMI", explicou Roberto Bacman, diretor do CEOP, ao avaliar as razões de a população não apoiar a medida de Macri, mesmo sentindo a crise na pele.
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Em 12 meses, o índice de inflação atingiu 31,2% na Argentina, bem acima da expectativa de 22,7% do FMI para este ano, o que impacta na vida dos argentinos diariamente. O custo de moradia, água, eletricidade e combustíveis subiu 47%, enquanto houve aumento de 28% nos preços de transporte e 22% dos alimentos, números que escancaram os impactos da recessão ao país presidido por Mauricio Macri.