O secretário Mansueto Almeida, do Tesouro Nacional, traçou um cenário sombrio para a economia brasileira. Em audiência pública sobre a situação fiscal dos estados e da União nesta terça-feira (25), no STF (Supremo Tribunal Federal), Mansueto disse que, mesmo com a aprovação da reforma da Previdência, o País corre o risco de fechar as contas no vermelho no fim do mandato do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
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"Mesmo com a reforma da Previdência , este governo não conseguirá aumentar os investimentos, que continuarão a uma taxa de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Essa é a nossa realidade hoje", disse Mansueto, acrescentando que essa taxa é bem superior em países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O secretário destacou que uma das principais razões para este pessimismo é o elevado endividamento do País: a dívida bruta total, que era de 51% do PIB em 2013, hoje está em 78%. Outro motivo é o que chamou de "gasto excessivo com a Previdência".
Mesmo com todas essas despesas, ressaltou Mansueto, a sociedade brasileira não conta com serviços satisfatórios de saúde, segurança, educação e transporte. "O Brasil é um país de renda média com carga tributária elevada, entre 33% e 34% do PIB , faixa bastante próxima à de economias desenvolvidas", comparou.
União x estados
O secretário observou que a situação da União não é diferente da dos estados, bastante afetados pela recessão de dois anos seguidos, em 2015 e 2016. Mansueto ponderou que os governos estaduais foram objeto de decisões equivocadas, tomadas no período de 2011 a 2014. Apesar de não citar nomes, o secretário se referia ao governo de Dilma Rousseff (PT).
"Em pleno século 21, foi construído um estádio de quase R$ 2 bilhões onde não há time de futebol. Esse é um exemplo anedótico. Deram incentivos para a construção de 50 navios, sem que as empresas soubessem fazer navios. E o governo se endividou e mandou dinheiro para bancos públicos emprestarem para estados e municípios", lembrou.
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Segundo Mansueto, de 2001 a 2007, os estados pegavam entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões emprestados por ano. A partir de 2011 até 2014, tomaram R$ 130 bilhões. "Estados sem nota ou qualificação pegavam empréstimos sem garantia, como o Rio de Janeiro", comentou. "Pegaram R$ 130 bilhões naquele período, mas os investimentos caíram. O que aumentou foi gasto com pessoal e custeio".