Em evento com empresários nesta sexta-feira (14) na Federação das Indústrias do Rio (Firjan), a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), e o governador do Rio, Wilson Witzel, se mostraram empenhados em manter os estados e municípios na reforma da Previdência . Para o governador, a saída dos estados é "apenas provisória". Já a deputada afirmou que os parlamentares irão voltar atrás e manter os entes federativos no texto por "pressão ou convencimento".
Leia também: Guedes critica recuos no parecer da reforma: "Podem abortar a nova Previdência"
Na quinta-feira, o relator da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), apresentou o texto substitutivo à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6 que havia sido enviada pelo governo em fevereiro. No projeto original, as regras para aposentadoria dos servidores federais valeriam também para o funcionalismo estadual e municipal. Após pressão dos parlamentares, porém, esse ponto foi retirado do relatório.
Tanto Witzel , quanto Hasselmann alegaram que o fato de os governadores do Norte e Nordeste, de partidos de oposição, terem se colocado contra a reforma teria influenciado negativamente na questão dos entes.
Leia também: Confira as principais mudanças propostas pelo relator no texto da reforma
"Acredito que essa saída dos estados do relatório é apenas provisória. É uma questão que já havia ficado mal resolvida na reunião dos governadores, porque há uma resistência dos governadores do Nordeste e do Norte, pelas peculiaridades não só econômicas, mas também políticas. Com o trabalho conjunto que está sendo feito com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e a líder do governo, vai se encontrar um ponto de equilíbrio. Acredito que a semana que vem vá ter novidades e avanço", disse o governador.
Leia também: Economia com a nova Previdência deve ser inferior à projetada pelo governo
Já a deputada Joice Hasselmann afirmou que vem conversando com as bancadas e governadores para que haja pressão de fora para dentro. Segundo ela, os parlamentares, especialmente do Norte e Nordeste, não querem assumir o desgaste, uma vez que os governadores têm se demonstrado contrários à reforma.
"Pressão ou convencimento, vai depender do nível da relação com esses parlamentares. Alguns parlamentares não estão confortáveis ainda em votar a Previdência, em especial do Norte e Nordeste, e tem ainda aqueles da oposição, por isso os governadores são importantes. Tem aqueles da oposição que dizem que não querem votar, mas agora quando viram que estados e municípios podem sair, de fato, da proposta, agora até esses partidos da oposição estão dizendo que tem que colocar estados e municípios na proposta", afirmou a líder do governo.
Segundo Joice, é preciso "tirar a questão ideológica do caminho", já que a reforma da Previdência pode gerar 8 milhões de empregos até 2023. Já com relação à "desidratação" da reforma, duramente criticada pelo ministro da Economia Paulo Guedes, a deputada afirmou que tentará deixar a reforma "mais robusta", mas que o mais importante é ter um texto que seja possível de ser aprovado.
"É claro que para o governo o ideal seria R$ 1,2 trilhão. Porém, o relatório trouxe um número um pouco menor. Mas a gente está entre a cruz e a espada. A Nova Previdência mudaria o sistema do país, mas do jeito que estava não passa. E sem voto, você pode ter o melhor texto do mundo. Como você vai, com o melhor texto do mundo, mas com 14 líderes dizendo "assim eu não voto", fazer essa costura? Não tem como", disse.
Joice disse acreditar que o texto final da reforma da Previdência chegue para votação na Câmara dos Deputados entre os dias 2 e 7 de julho. Perguntada sobre a greve geral desta sexta-feira, a deputada classificou como "um fiasco" e afirmou que manifestações devem ser feitas nos finais de semana.