O Brasil tem hoje cerca de 63 milhões de inadimplentes , 40% da população adulta do País, segundo dados da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL).
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Para a head
de cobranças da Recovery, Marcela Martins Gaiato, dois são os principais vilões desse cenário: o cartão de crédito e o desemprego
.
“Sabe aquela situação em que a pessoa fala ‘devo não nego, pagarei quando puder?’ É o caso do brasileiro quando está desempregado . Quando se trata de um descontrole, uma crise financeira, a negociação acontece. Mas quando a pessoa está desempregada, vai pagar como?”, relata a executiva.
Segundo Marcela, nos últimos quatro anos , o desemprego foi o principal motivo da inadimplência indicado pelos clientes da empresa, que administra uma carteira com 35% de todas as dívidas com mais de 90 dias do Brasil.
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Outro vilão do crédito no País é o cartão de crédito
. Segundo a Recovery, em sua base de dados, entre janeiro e outubro deste ano, 57% das dívidas
estavam relacionada ao uso de cartões de crédito.
"Ainda falta informação ao brasileiro sobre taxas de juros e sobre o pagamento mínimo do cartão de crédito. Muitas vezes o consumidor vê o valor menor e pensa que cabe no bolso. Mas como a dívida cresce muito, e rápido, acaba chegando em um ponto que ele não consegue mais pagar nada”, avalia a executiva.
Por isso, Marcela afirma que é fundamental que o País invista em educação financeira . “Inclusive nas escolas, para que uma nova geração se forme”, aponta.
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Reincidência em queda
Marcela ressalta que mesmo aos poucos, nesse quesito a situação no Brasil tem melhorado. Ela argumenta que a reincidência , aquela parcela de consumidores que volta a ficar devendo depois de “limpar o nome”, está em queda.
Em 2018, a reincidência na carteira da Recovery ficou em torno de 16%. Neste ano, o número caiu pela metade : 8%.
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“É um sinal positivo, por mais que a gente saiba que para algumas famílias, a inadimplência é uma realidade
a ser administrada”, afirma.
Marcela conta que em alguns casos, a família com vários inadimplentes se une para manter pelo menos um parente sem dívidas. Assim, essa pessoa pode ter acesso a crédito para imprevistou ou necessidades básicas.
Como evitar ou sair dessa cilada?
Para não cair na inadimplência, a primeira dica de Marcela é ter um orçamento familiar . “Diante de um planejamento, a pessoa está enxergando o que acontece na vida financeira”, diz. Outro bom hábito é evitar ficar no limite, gastando tudo o que ganha “porque imprevistos acontecem”, alerta.
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Para quem já está endividado, a executiva também aponta caminhos. “Se não der para cortar no orçamento, busque uma renda extra
ou faça um bazar de roupas, por exemplo. Essas são algumas opções", afirma.
Marcela também reforça a importânia de buscar uma rede de apoio. “Não tenha medo ou vergonha de falar sobre a dívida. Busque ajuda, é a melhor coisa a se fazer. Se esconder, mais cedo ou mais tarde, a conta pode estourar”, aconselha.