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Reserva de gás
José Cruz/Agência Brasil

Nova reserva foi descoberta na costa do estado de Sergipe

A confirmação recente da Petrobras de enorme potencial de gás em águas profundas na costa de Sergipe, a maior descoberta desde o pré-sal, pode ajudar o segmento a se firmar como um dos vetores de crescimento da economia nos próximos anos e favorecer os planos do ministro de baratear o combustível para as indústrias.

A exploração em Sergipe não é nova, mas as áreas de Cumbe, Barra, Farfan, Muriú, Moita Bonita e Poço Verde, a 80 km de Aracajú, têm animado a companhia, que destacou a região no anúncio de seu resultado trimestral, em maio passado. Com a confirmação da extensão da acumulação de gás em Moita Bonita e o teste de longa duração em Farfan, que está previsto para 2019, abre-se uma perspectiva importante para a Petrobras .

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“Nessa província, o que temos encontrado é óleo e reservatório de excelente qualidade”, afirmou o diretor de Exploração e Produção, Carlos Alberto Pereira de Oliveira.

O anúncio entusiasmou o mercado, como a consultoria Gas Energy. Seu diretor, Rivaldo Moreira Neto, acredita que a receita anual pode chegar a R$ 7 bilhões quando a produção estiver madura, a preços atuais do combustível — a estimativa é de 20 milhões de metros cúbicos diários de gás, um terço da produção atual do País. “O que se sabe é que tem muito gás”, diz o consultor.

Cautelosa, a empresa informa que a área já faz parte do seu plano de investimentos de 2019 a 2023. A Petrobras não pretende bancar os recursos para a produção sozinha. A região integra o plano de desinvestimento da companhia , que deseja vender participações minoritárias nas quatro concessões que englobam os campos.

“Ela tem uma proporção muito grande, e vai continuar relevante. Faz sentido, há uma necessidade muito grande de dinheiro. Está trazendo novos atores”, diz Moreira Neto. A bacia de Sergipe e Alagoas também foi atraente nos últimos leilões promovidos pela ANP. A americana ExxonMobil adquiriu áreas vizinhas das concessões da Petrobras. “A região é frutífera para investimentos”, diz Fernanda Delgado, da FGV Energia.

Abertura

A notícia da nova fronteira de exploração chega em boa hora para o governo . Em breve deve acontecer o anúncio do plano para o setor de gás natural. O ministro Paulo Guedes anunciou em abril que deseja um “choque de energia barata” com uma queda de 50% no custo do gás natural para reindustrializar o País.

O projeto inclui a abertura do mercado de exploração e distribuição do combustível. Recentemente a Petrobras concluiu a venda da Transportadora Associada de Gás (TAG), que atua no segmento de transportes e armazenamento — com uma rede de 4,5 mil quilômetros de gasodutos. A operação era um item importante do plano de desinvestimento da estatal e estava suspensa pelo Supremo Tribunal Federal. Recentemente a corte liberou a venda de subsidiárias de estatais, chancelando a reestruturação da Petrobras.

Também nesse segmento, o Ministério das Minas e Energia autorizou nos últimos dias a estatal a exportar cargas ociosas de gás natural liquefeito (GNL). “Tudo combina. A descoberta, os investimentos privados e a fala do ministro da Economia, me parecem bem orquestrados”, diz a pesquisadora da FGV. “O gás terá um papel importante no futuro da matriz energética nacional. É um combustível de transição em relação ao mundo mais descarbonizado”.

Desde 2016 o setor de óleo e gás se recupera lentamente no País, após as suspensões dos leilões no governo Dilma Rousseff, a crise econômica e a gestão temerária da Petrobras, que se endividou e sofreu desvios revelados pela operação Lava Jato. Mas o ciclo de investimento até que a nova produção se concretize é demorado e custoso. O gás que é gerado no pré-sal, por exemplo, ainda é reinjetado nos campos por falta de condições de escoamento.

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Mesmo assim, com a volta dos leilões , retomados no governo Michel Temer, há previsão de arrecadação relevante nos próximos anos para estados e municípios. O leilão do excedente do contrato de cessão onerosa, previsto para novembro, deve gerar R$ 106,6 bilhões ao governo.

O pré-sal é a área mais atraente para a indústria petrolífera mundial atualmente. É responsável por 55% da produção nacional, e esse montante deverá aumentar para 80% em 2027, de acordo com a projeção da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

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