O governo federal quer que a Ford fique arque com is impactos sociais que o fechamento de sua fábrica em São Bernardo do Campo , em São Paulo, vai causar aos envolvidos. Segundo a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL), a responsabilidade da empresa se deve ao fato de ela ter recebido recursos públicos anteriormente.
De acordo com o governo, a Ford recebeu, apenas a nível nacional (ou seja, contabilizando só valores vindos da União), R$ 7,5 bilhões em subsídios nos últimos cinco anos. Por isso, em uma reunião realizada, na última quinta-feira (7), entre representantes da empresa, do governo federal, do estado e da prefeitura de São Paulo, a União deixou claro seu desejo de que a marca pense em um plano para amenizar os efeitos negativos que o encerramento de suas atividades vai proporcionar à região.
O secretário de Produtividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, ressaltou ao jornal Folha de S. Paulo que, quando uma empresa privada utiliza recursos públicos, ela automaticamente espera-se que ela mantenha o acordo. "É uma situação diferente quando uma empresa recebeu um subsídio e quando uma empresa não recebeu um subsídio", explicou. "A Ford recebeu bilhões em subsídios para que fossem criados esses empregos.Logo, seria importante que qualquer decisão no sentido contrário ao objetivo dos subsídios concedidos que a empresa também considerasse o seu impacto."
"Quando uma empresa pede um subsídio, ela conversa com o governo, trabalha junto, então qualquer decisão posterior que envolva uma reversão desse investimento, que gere impactos contrários aos dos subsídios, tem que conversar", completou. Ainda de acordo com o secretário, apesar de esperar um plano de mitigação por parte da montadora, o governo não pretende interferir na decisão pelo fechamento.
Na semana passada, o vice-presidente Hamilton Mourão também afirmou que o g overno não pensa em impedir o o fechamento da fábrica da Ford , mas que estuda a situação para tentar manter os empregos dos quase 2,8 mil funcionários que trabalham na unidade. "Está fora de questão [conceder incentivos à Ford ]. [Mas] Toda vez que vai haver aumento do desemprego, isso preocupa o governo. Estamos estudando esse assunto porque é uma empresa privada e, neste caso, é questão de desoneração e tributos. Então, temos que dar uma estudada nisso", disse.
Dória busca saídas para fechamento
Nesta sexta-feira (8), o governador do estado de São Paulo, João Doria , anunciou um pacote de medidas de incentivos fiscais às montadoras. Segundo ele, as fábricas terão até 25% de desconto no pagamento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) caso invistam mais de R$ 1 bilhão e criem ao menos 400 postos de trabalho.
Para tentar amenizar os impactos na região de São Bernardo do Campo , na qual está instalada a fábrica da Ford que vai encerrar suas atividas, o governador foi atrás de compradores interessados na montadora. Segundo ele, até o momento, três já se mostraram interessados - dois multinacionais e uma empresa brasileira. Para ele, ter conseguido esse número de possíveis compradores “demonstra que estamos em bom caminho."
A decisão da Ford
A Ford anunciou, no último dia 19, que vai encerrar as atividades na fábrica de São Bernardo do Campo e que deixará o mercado de caminhões na América do Sul. No Brasil, deixará de comercializar as linhas Cargo, F-4000, F-350 e Fiesta, assim que terminarem os estoques. A planta de São Bernardo será desativada ao longo de 2019.
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Além da fábrica no interior paulista, a montadora tem outras duas em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), e um campo de provas em Tatuí (SP). Em São Bernardo do Campo há 2,8 mil empregados, segundo o sindicato da categoria. “Sabemos que essa decisão terá um impacto significativo sobre os nossos funcionários e, por isso, trabalharemos com todos os nossos parceiros nos próximos passos”, disse Lyle Watters.