Durante uma audiência pública realizada ontem (14) na Câmara dos Deputados, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, foi o único presente a não se levantar após um pedido de minuto de silêncio em homenagem às vítimas da tragédia de Brumadinho (MG). Causado pelo rompimento de uma barragem da mineradora, o desastre matou ao menos 166 pessoas.
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A sugestão de homenagear os atingidos partiu do diretor-geral da Agência Nacional de Mineração (AMN), Victor Hugo Fronner Bicca. "Eu abro mão de um minuto do meu tempo para prestar essa homenagem às vítimas de Brumadinho", disse. Em seguida, todos os participantes da mesa – menos o presidente da Vale – e os deputados presentes na audiência se levantaram.
Schvarstman permaneceu o tempo todo sentado, com a cabeça baixa e as mãos cruzadas sobre a mesa. À reportagem do jornal Folha de S. Paulo , o diretor de comunicação da mineradora, Júlio Gama, disse que o presidente, ao se manter naquela posição, estava prestando respeito às vítimas de Brumadinho.
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A audiência pública foi realizada pela comissão externa da Câmara que avalia a situação das barragens pelo Brasil. Foi a primeira vez que Fabio Schvartsman falou aos parlamentares sobre a tragédia de Brumadinho, referindo-se a ela como um "acidente". Na próxima semana, deverão ser ouvidos especialistas do Tribunal de Contas da União (TCU), do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Águas (ANA).
"Vale é uma joia"
Na quinta-feira, ainda durante a audiência pública organizada pela Câmara, Schvartsman afirmou que a mineradora é uma "joia brasileira" que não pode ser condenada pelo ocorrido em Brumadinho, "por maior que tenha sido a tragédia".
A opinião do presidente é compartilhada pelo secretário especial de desestatização, Salim Mattar. No dia anterior (13), Mattar pediu que a população não "demonize" a Vale pelo desastre de Brumadinho , defendendo que a mineradora seja preservada para manter empregos e a arrecadação de impostos.
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“Um ou dois aviões caem por ano e morrem 120, 130 pessoas. Pede-se que a diretoria da empresa caia ou se demoniza essa companhia?”, questionou o secretário. “Em Brumadinho , caíram dois aviões [somando mortos e desaparecidos]. Como seria o tratamento de uma companhia aérea e como estamos tratando a Vale ?”.