A Eletrobras anunciou, na noite da última sexta-feira (21), que deve investir R$ 30,2 bilhões nos próximos cinco anos, entre 2019 e 2023, destinando R$ 12 bilhões (39,7%) inteiramente ao projeto da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro. A ideia é viabilizar a conclusão do empreendimento por meio de um edital, que vai selecionar um investidor "com capacidade técnica, financeira e de gestão".
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Os números constam no chamado Plano Diretor de Negócios e Gestão (PDNG) da Eletrobras . De acordo com a estatal, o grande investimento em Angra 3 dá continuidade ao trabalho de reestruturação de suas empresas, de forma a aumentar a eficiência operacional, diminuir o tamanho de sua dívida e melhorar a governança e a integridade.
Hoje, as obras na usina de Angra 3 estão paradas, mas 63% do empreendimento já foram concluídos. Sua construção foi interrompida em 2015, em partes por falta de recursos, mas muito porque havia suspeitas de superfaturamento e denúncias de corrupção envolvendo empresas contratadas para as obras da usina.
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O TCU (Tribunal de Contas da União) estima, segundo divulgado no início de outubro, que ainda faltam R$ 17 bilhões para concluir Angra 3. O cronograma utilizado pela Eletrobras prevê que as obras serão retomadas em junho de 2020 e concluídas em janeiro de 2026. A capacidade prevista da usina é de 1.405 megawatts, energia suficiente para abastecer cerca de 5 milhões de residências.
Os planos da Eletrobras
Além de concluir as obras da usina de Angra 3, o plano de investimentos da Eletrobras prevê um aporte de R$ 17 bilhões em geração nos próximos cinco anos, enquanto R$ 9,5 bilhões serão usados em projetos de transmissão e R$ 1,7 bilhão em infraestrutura e outros setores. A estatal também pretende investir cerca de R$ 2 bilhões em sociedades de propósito específico (SPEs).
A Eletrobras também promete reavaliar o custo médio ponderado de geração e transmissão, revisando os valores das tarifas cobradas e trabalhando pelo recebimento de sua parcela da RBSE (Rede Básica do Sistema de Transmissão Existente), que está sendo discutida na Justiça. Além disso, a empresa vai buscar o ressarcimento dos valores que lhe são devidos e decorrentes do processo de privatização de algumas de suas distribuidoras.
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O PNDG ainda prevê a realização de um Plano de Demissão Consensual (PDC), que deverá desligar 2.187 funcionários. A Eletrobras
estima que a iniciativa, que deve lhe custar cerca de R$ 731 milhões, pode trazer uma economia de R$ 574 milhões por ano. A estatal também deve reduzir custos com horas extras, periculosidade e sobreaviso, bem como negociar um novo acordo coletivo que esteja alinhado às novas regras impostas pela reforma trabalhista.