O presidente da Infraero, Antônio Claret de Oliveira, renunciou ao cargo na última quarta-feira (19). O comando da estatal será assumido interinamente por João Márcio Jordão, atual diretor de operações. As informações foram divulgadas pela própria Infraero e publicadas pela Reuters .
Leia também: Medida provisória libera 100% do capital de empresas aéreas a estrangeiros
A decisão de Claret é anunciada poucos dias depois de a equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), confirmar a indicação do brigadeiro Hélio Paes de Barros, hoje diretor da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), à presidência da Infraero .
Em agosto, Claret havia declarado que a estatal tinha planos para uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A ideia, segundo o então presidente, seria apresentada à equipe de Bolsonaro e poderia atrair cerca de R$ 14 bilhões em investimentos para a empresa. O assunto, porém, ainda não foi mencionado pelo futuro governo.
"A Infraero vai acabar"
O governo eleito quer conceder todos os aeroportos do Brasil à iniciativa privada e acabar, num prazo de aproximadamente três anos, com a Infraero, estatal responsável por administrar essa rede atualmente. A declaração, concedida ao jornal O Estado de S. Paulo , é do futuro ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.
Leia também: Infraero "vai acabar", diz futuro ministro de Bolsonaro a jornal
Você viu?
"[A Infraero] vai acabar", disse Freitas, que já foi diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. A única dúvida, segundo o ministro, é se a estatal será privatizada como uma empresa de administração de aeroportos ou se, ao final do processo, será extinta.
A Infraero vem enfrentado problemas financeiros desde o início do programa de concessões de aeroportos, no governo de Dilma Rousseff (PT). Desde então, terminais de grande movimento, como o de Brasília, Guarulhos (SP) e Galeão (RJ), deixaram de fazer parte da base de aeroportos administrados pela empresa brasileira.
A estatal chegou a entrar como sócia em diversas dessas concessões, mas isso, num primeiro momento, acabou aprofundando seu problemas de caixa. De acordo com o futuro ministro de Bolsonaro, essas participações também serão vendidas no próximo governo.
Com o processo de privatização da Infraero, parte dos funcionários da estatal continuarão vinculados a ela, mas serão transferidos a uma nova empresa de controle aéreo. O restante já integra um programa de demissão voluntária, que está sendo bancado com os recursos obtidos a partir das concessões.
Leia também: Justiça de São Paulo volta a suspender acordo entre Embraer e Boeing
Segundo Freitas, cerca de mil funcionários estão sendo demitidos da empresa brasileira anualmente. No início do programa de concessões, a Infraero tinha 12 mil empregados; hoje, são apenas 9 mil.