Boulos é um dos candidatos da Frente de Partidos que apoia o governo em São Paulo. É o candidato do presidente, que deseja encurtar o espaço da direita no principal colégio eleitoral do País. Não o único, pois a deputada Tabata Amaral , do PSB de Geraldo Alckimin, também está no páreo. E podem surgir outros nomes. Boulos é o candidato do Lula para prefeito e pronto. E é Lula quem vai definir o vice . Ele ainda não se decidiu. Precisa de um nome forte, que agregue ao de Boulos.
O PT (ou seus grupos) quer participar dessa escolha e vem fazendo sugestões. Parte do PT mais jovem quer ver Ana Estela Haddad concorrendo. Professora da USP é tida como lucida e qualificada para o cargo. Mas sua experiencia política e sua capacidade de atrair votos não é conhecida. Ela nunca foi candidata antes. Mas participou intensamente das campanhas de seu marido.
Infelizmente, ela não tem um perfil que agregue votos nesse mar de conservadorismo e preconceito que é a cidade de São Paulo.
Outro grupo deseja que Marta Suplicy retorne ao PT para concorrer . Ela é ainda muito conhecida na periferia da cidade e traria muitos votos. Como prefeita priorizou as regiões periféricas com amplos investimentos, que lhe garantiram o reconhecimento do público. Mas ela deixou o PT em 2015 para se filiar ao PMDB e que votou junto aos golpistas na deposição de Dilma.
Ela tem um currículo político excelente. Seu trabalho na defesa dos direitos da mulher desde o fim da década de 70 inspirou o movimento feminista e vem até hoje pautando lutas históricas, como o direito ao aborto e direitos das pessoas LGBTQIA+, quando começávamos a falar em GLS. Lembro que por volta da metade dos anos 80 a PM foi acusada de sistematicamente agredir os travestis do centro de São Paulo, o que ela denunciou e logrou, usando seu prestígio pessoal, fazer todos os PMs do patrulhamento do centro da cidade fazerem cursos sobre direitos humanos ministrados por travestis.
Embora ela seja sempre associada ao PT, ela não é mais do PT. E no senado, seu voto pela cassação de Dilma, a põe na lista dos golpistas. Quem a nomeou para o cargo foi Bruno Covas e não Ricardo Nunes, que vem tentando se aproximar, sem sucesso. Ricardo tenta parecer moderno e social-democrata, mas fez barbaridades como arquitetura anti-morador de rua. Acredito que se Lula saberá tratar desse assunto com ela, no melhor momento político, e avaliar a sua viabilidade.
Mas não trataria de questão tão delicada num telefonema. Marta tem altas qualificações para qualquer cargo eletivo na República, mas apesar de simpatias pessoais, não garante as condições políticas e depende do apoio de Lula para conseguir isso.
Além dessas mulheres tão qualificadas, quem o PT tem, ou pode contar, que possa colaborar para deixar a chapa mais interessante? Ninguém! A jovem bancada de vereadores ainda não teve tempo para se consolidar. E não há lideranças sociais de vulto. O PT talvez devesse pensar nos seus influenciadores digitais, que no futuro poderiam ser lideranças expressivas
O PT não tem nomes na maior cidade do País, o que revela as dificuldades de Lula para montar a chapa. É, não é fácil....