Olá, gravateiros e gravateiras. Começou a temporada de declaração do Imposto de Renda Pessoa Física 2020 (ano-base 2019). Até o fim de abril, especialmente no último dia (30/04), milhões de brasileiros vão se descabelar para cumprir suas obrigações com o Fisco. É um período em que os contadores ganham um dinheiro extra, assim como os bancos, que estão de olhos bem abertos na sua restituição do Imposto de Renda (IR). Cuidado!

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As principais instituições financeiras estão oferecendo uma linha de antecipação da restituição do IR com juros mensais de 1,5% (19,5% ao ano) a 2% (26,8% ao ano). É uma taxa elevada para um País que tem juros básicos (Selic) em 4,25% ao ano, mas pode ser uma boa alternativa para quem tem dívidas ainda mais caras.

A decisão é muito simples. Se você tem dívidas no cheque especial, por exemplo, vale a pena antecipar a restituição do IR e quitar esse papagaio que lhe cobra 7,36% ao mês (134,5% ao ano). O mesmo raciocínio vale para quem se enforcou no rotativo do cartão de crédito, que tem juros de 11,35% ao mês (261,4% ao ano), segundo a mais recente pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

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Por outro lado, não vale a pena acessar essa linha de crédito dos bancos para quitar, por exemplo, parcelas de financiamentos de veículos ou imóveis. Essas modalidades de crédito têm taxas mais atraentes do que as oferecidas pelas instituições financeiras na antecipação da restituição do IR.

E quem não tem dívida nenhuma, vale a pena antecipar a restituição? A resposta é não. Mesmo que a sua restituição demore a sair, esse dinheiro é corrigido pela Selic (4,25% ao ano), que é uma taxa bem razoável para o atual patamar de inflação (3,5%). Portanto, não há pressa para quem não está afogado em dívidas.

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Como dinheiro na mão costuma ser vendaval, já diria Paulinho da Viola, seria muito grande o risco de o contribuinte torrar tudo com “bobagens” e ainda ficar com uma dívida bancária. Quando eu escrevo “bobagens”, não quero ofender ninguém. O fato é que nós, brasileiros, não somos referência em planejamento financeiro doméstico. Gastamos mal e ainda aceitamos pagar juros altos. Portanto, pense mil vezes antes de antecipar a restituição do IR. Mais vale o dinheiro rendendo no banco do que no bolso do cunhando caloteiro.  

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