Olá gravateiras e gravateiros! O tema de hoje é a educação financeira no Dia das Crianças. Não há nenhum crime em comprar brinquedos para os nossos filhos ou netos, mas eu gostaria de tentar convencer cada pai, cada mãe, cada avô e cada avó a fazer o melhor uso do dinheiro possível nesta data comemorativa. Que tal dar uma poupança de presente aos pimpolhos?

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A minha proposta aqui não é uma poupança qualquer. Não se trata daquele cofrinho que faz parte da educação financeira infantil (prometo escrever sobre mesadas e cofrinhos em breve). Estou me referindo a uma poupança polpuda que será abastecida periodicamente até a formatura do Ensino Médio. Isso mesmo! Estou propondo que, neste Dia das Crianças , você invista na educação universitária do seu filho. Existe investimento melhor?

Quando os nossos pimpolhos se aproximarem dos 18 anos, eles vivenciarão aquela fase gostosa e estressante dos vestibulares e do Enem. Sejamos realistas: há poucas vagas nas universidades públicas brasileiras. Como são gratuitas, a concorrência é enorme. Nem mesmo quem tem condições financeiras de pagar bons colégios particulares pode apostar cegamente que o filho conseguirá ingressar numa universidade pública. Além disso, é muito provável que os governantes resolvam cobrar, no futuro, mensalidade “de quem pode pagar” nas faculdades públicas. Esse tipo de proposta sempre surge quando falta dinheiro nas universidades. Portanto, construir uma poupança para o Ensino Superior me parece uma decisão inteligente e prudente.

O INÍCIO DA POUPANÇA

Por onde começar? Minha sugestão é pesquisar os valores dos cursos de uma boa universidade particular na sua cidade. Um curso superior padrão dura quatro anos (48 mensalidades). Para facilitar as contas, vamos considerar 50 mensalidades. Um levantamento feito pelo Sindicado das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), em São Paulo, mostrou que, em 2017, a mensalidade média era de R$ 898,00. É claro que um curso de Medicina custa cinco vezes mais, mas vamos considerar um valor médio de R$ 1.000,00. Numa conta simples, precisamos acumular R$ 50.000,00 (50 mensalidades de R$ 1.000) em valores atuais até os pimpolhos entrarem na faculdade.

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Quanto tempo temos para acumular esse montante? Depende da idade do seu filho. No mundo ideal, os pais começariam a abastecer essa poupança universitária desde o nascimento deles. Quanto mais cedo, mais longo o prazo e, portanto, menor será o esforço financeiro. Se a poupança é criada no nascimento do bebê, o prazo será de 18 anos (216 meses). No nosso exemplo, teríamos de investir todos os meses R$ 231,48 em valores atuais.

ONDE INVESTIR

O fato é que precisamos garantir que o poder de compra dessa poupança seja preservado ao longo do período, pois certamente as mensalidades serão reajustadas todos os anos. Sendo assim, a melhor estratégia é atrelarmos o nosso investimento ao risco soberano (títulos públicos), usando os juros compostos a nosso favor. Essa é a melhor notícia de todas. Como num “milagre”, os juros compostos vão multiplicar o nosso investimento.

Qual é o melhor título público para essa finalidade? Obviamente, não queremos correr nenhum risco de que o investimento mais importante em nossos filhos possa dar errado. Portanto, uma aplicação totalmente prefixada não é recomendada, dado que a inflação e os juros podem explodir no futuro. Uma aplicação totalmente pós-fixada também seria ruim, pois atrelar a nossa poupança à taxa Selic (taxa básica de juros) pode ser um risco se tivermos administrações populistas no Banco Central (BC). A inflação pode disparar sem que o BC eleve a Selic. Creio, assim, que a melhor opção de investimento, nesse caso, seja o Tesouro IPCA+, que pode ser adquirido no Tesouro Direto, através de alguma corretora ou de algum banco. Hoje em dia até os grandes bancos estão cobrando taxa zero para aplicações em Tesouro Direto.

A vantagem do Tesouro IPCA+ é que ele paga o IPCA (inflação oficial) mais uma taxa de juros fixa, atualmente em torno de 5%. Ou seja, qualquer que seja a inflação, o seu investimento terá um ganho real de cerca de 5%. Isso dá uma margem de segurança para que a aplicação seja suficiente para pagar a universidade do seu filho. Lembrando que nesse investimento há a incidência de Imposto de Renda (IR) de 15% sobre os rendimentos obtidos. No nosso exemplo, cairia como uma luva o IPCA+ 2035, dado que o vencimento ocorrerá daqui a 17 anos.

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Há também títulos privados atrelados à inflação, que são garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até o montante de R$ 250 mil. Obviamente, eles pagam um pouco mais de juros do que o título público. Porém, mais importante do que a aplicação que será feita é a decisão de iniciá-la. Não estou propondo que os pais nunca mais comprem brinquedos para os filhos, mas, neste Dia das Crianças , pense seriamente em presenteá-lo com uma poupança. Mesmo que o valor mensal aplicado seja pequeno, ele vai se multiplicar através dos juros compostos e, lá na frente, ajudará muito o seu filho a dar um salto na sua educação. Preparar as nossas crianças para o mercado de trabalho é o melhor investimento que podemos fazer no futuro delas. Assista, a seguir, a um vídeo que compara os investimentos em CDB e Tesouro Direto.

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