Olá, gravateiras e gravateiros! O tema de hoje é a eleição. As principais pesquisas apontam a liderança do candidato Jair Bolsonaro (PRTB) na corrida à Presidência da República. Como todos sabem, Bolsonaro continua internado após sofrer um lamentável atentado em Minas Gerais. Sua ausência na campanha acabou, naturalmente, gerando holofotes para o seu candidato a vice na chapa, o general Hamilton Mourão (PRTB).

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Muitas manchetes foram destacadas na imprensa a partir de declarações polêmicas do gal. Mourão , mas pouco se falou até agora sobre os seus pensamentos econômicos. São liberais como os do economista Paulo Guedes, já nomeado ministro da Fazenda num eventual governo Bolsonaro? Ou mais estatizantes como eram os pensamentos dos militares durante a Ditadura?

Com total isenção jornalística e sem nenhuma preferência partidária – é sempre importante ressaltar esses aspectos num período eleitoral –, fui em busca desta resposta num evento promovido pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), nesta terça-feira (18). Durante uma hora, o gal. Mourão falou a dezenas de empresários e executivos que, pelos aplausos constantes e comentários elogiosos, gostaram do que ouviram.

Embora critique a divisão política entre esquerda e direita, ressaltando que “há corruptos em ambos os lados”, o vice de Bolsonaro mirou todas as suas críticas aos governos do Partido dos Trabalhadores (PT). Na sua apresentação, falou bastante sobre as fronteiras, os vizinhos latinos e elogiou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que “conta com a má vontade da grande parte da imprensa mundial”. Destacou os problemas de segurança pública, o papel das Forças Armadas na guerra ao narcotráfico e foi ovacionado ao afirmar que não é “antidemocrático” e que “preza demais a liberdade de imprensa”, pois “a liberdade é o maior bem que o ser humano pode ter”. E emendou: “jamais seremos uma Venezuela por uma razão muito simples. As nossas Forças Armadas nunca foram nem serão cooptadas por um projeto totalitário desta natureza. Tenham certeza disso aí”. Recebeu aplausos da audiência.

AGENDA ECONÔMICA

Na esfera econômica, que é o objetivo central desta coluna, o gal. Mourão se mostrou extremamente alinhado com a agenda de Paulo Guedes, que não estava no evento. Primeiramente, criticou a contabilidade criativa (maquiagem nas contas públicas) e a chamada nova matriz econômica do PT, que gerou um endividamento excessivo das famílias, uma valorização exagerada do câmbio, desonerações tributárias equivocadas e uma queda irresponsável dos juros, chamada por ele de “exemplo de voluntarismo” da ex-presidente Dilma Rousseff. Em um dado momento, ao falar sobre a evolução do homo sapiens , mencionou “as mulheres sapiens”, em irônica alusão a um antológico discurso de Dilma em 2015. Arrancou gargalhadas da plateia.

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O vice de Bolsonaro empunhou a bandeira da “disciplina fiscal”, e defendeu o enxugamento do Estado – “vamos diminuir o número de ministérios” – e a venda de estatais – “privatizar o que puder ser privatizado”. Lembrou que a Petrobras e o Banco do Brasil já são empresas de capital aberto e defendeu a abertura do mercado de refino e de distribuição de combustíveis. Em relação à Caixa, disse apenas que é preciso ter “gestão profissional” e que “não pode haver escolhas políticas” nas nomeações, citando o ex-ministro Geddel Vieira Lima, enrolado com a Justiça, e que comandou a área de Loterias da instituição financeira estatal.

Os serviços públicos, segundo ele, vão melhorar com a digitalização de todos os dados e com o uso de tecnologia em saúde, segurança a educação à distância. Prometeu “mexer no vespeiro” dos direitos do funcionalismo público – estabilidade e greve, por exemplo – e ressaltou que “as agências reguladoras não podem ser cabides de emprego”.

O gal. Mourão também pregou a realização de uma reforma da Previdência Social, na qual seria implementada um sistema de contas individuais (regime de capitalização), pois as pessoas “estão se aposentando cedo demais”. Reconhece que a missão não é simples, pois será preciso fazer as mudanças “com o avião no ar”. Na sua agenda, o vice de Bolsonaro inclui uma reforma tributária em que “todos paguem menos impostos”, sem detalhar como isso ocorreria, e um novo Pacto Federativo, com “os recursos nas mãos de Estados e municípios”.

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Declarando-se favorável ao livre mercado, à abertura comercial e à propriedade intelectual, o gal. Mourão afirmou que o Estado deve ser um “indutor do crescimento” e não um “rinoceronte” que quebra tudo. Trata-se de uma agenda que soa como música aos ouvidos dos empresários e do mercado financeiro (assista ao vídeo abaixo). Saliente-se, no entanto, que não houve nenhuma palavra sobre a governabilidade que a chapa Bolsonaro-Mourão teria no Congresso Nacional para implementá-la. Sobre a reforma política, deixou uma enorme interrogação no ar sobre se “a saída é o Parlamentarismo?” Ao final do evento na ACSP, algumas selfies e muitos cumprimentos.


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