
Nesta quinta-feira (3), as big techs sofreram perdas em valor de mercado após o anúncio de tarifas globais por Donald Trump.
O prejuízo total das principais empresas de tecnologia dos EUA — Apple, Amazon, Meta, Alphabet (Google), Microsoft, Nvidia e Tesla — atingiu cerca de US$ 1 trilhão (aproximadamente R$ 5,6 trilhões).
Se considerarmos apenas as cinco maiores (Apple, Amazon, Meta, Alphabet e Microsoft), a perda foi de US$ 772 bilhões (cerca de R$ 4,3 trilhões) no mesmo período.
Perdas individuais das empresas
- Apple: perdeu US$ 311 bilhões (R$ 1,7 trilhão) em valor de mercado entre 2 e 3 de abril, com suas ações caindo 9,25% em Nova York. Outras fontes indicam uma queda de até 9,67% no fechamento do dia 3.
- Amazon: registrou uma queda de 7,21% a 8,12% nas ações, o que equivale a uma perda estimada de cerca de US$ 140 bilhões, considerando seu valor de mercado de aproximadamente US$ 1,9 trilhão antes da queda.
- Meta: com uma desvalorização entre 6,93% e 7,26%, perdeu aproximadamente US$ 80 bilhões, considerando seu valor de mercado prévio de cerca de US$ 1,2 trilhão.
- Alphabet (Google): teve uma queda de 3,2% a 3,88%, resultando em uma perda de cerca de US$ 70 bilhões, partindo de um valor de mercado de aproximadamente US$ 2 trilhões.
- Microsoft: com uma queda menor, entre 1,82% e 2,1%, perdeu cerca de US$ 60 bilhões, dado seu valor de mercado de aproximadamente US$ 3,2 trilhões.
- Tesla: caiu entre 4,71% e 5,14%, o que representa uma perda de cerca de US$ 50 bilhões, considerando seu valor de mercado de aproximadamente US$ 1 trilhão.
- Nvidia: com uma desvalorização entre 5,02% e 6,90%, perdeu cerca de US$ 200 bilhões, já que seu valor de mercado estava em torno de US$ 2,9 trilhões antes do tarifaço.
Esses valores são estimativas baseadas nas porcentagens de queda reportadas e nos valores de mercado aproximados antes do anúncio das tarifas.
O que é o "tarifaço" de Trump?
O "tarifaço" refere-se a uma série de tarifas de importação anunciadas por Donald Trump, ex-presidente dos EUA, na última quarta-feira (2).
Essas tarifas, que variam de 10% a 49% sobre produtos importados, incluem um aumento de 20% a 34% sobre bens chineses.
A medida faz parte de uma política protecionista para incentivar a produção interna nos EUA e reduzir a dependência de manufatura estrangeira.
A decisão impactou diretamente empresas que dependem de cadeias de suprimentos globais, especialmente na China, como as big techs.
Por exemplo, cerca de 90% dos iPhones da Apple são fabricados na China, o que eleva os custos de produção e pode encarecer os produtos nos EUA ou reduzir as margens de lucro.
O anúncio gerou pânico nos mercados financeiros, provocando quedas expressivas nas bolsas americanas, como o Nasdaq (que caiu 4,95%) e o S&P 500 (que recuou 4,03%).
Economistas alertam que essas tarifas podem desencadear um "choque inflacionário", pressionando o Federal Reserve a aumentar os juros, o que impacta ainda mais as big techs, que dependem de investimentos de longo prazo e capital barato.
Relação de Trump com as big techs

Durante sua campanha e o início de seu mandato, Trump cultivou proximidade com líderes dessas empresas. CEOs estiveram presentes em sua posse, em 20 de janeiro, e muitos fizeram doações para o fundo da cerimônia, sinalizando uma tentativa de alinhamento.
Inicialmente, Trump parecia apoiar o setor, promovendo uma agenda de reindustrialização que poderia beneficiá-lo, como o investimento de US$ 500 bilhões da Apple nos EUA, anunciado em fevereiro.
Porém, o tarifaço revelou uma tensão: enquanto Trump busca fortalecer a economia americana, suas políticas comerciais afetam diretamente os lucros das big techs, que dependem de produção barata no exterior.
Caos na Bolsa

As bolsas de valores de Nova York enfrentaram um tombo histórico, o pior desde 2020, quando a pandemia abalou os mercados globais. O tarifaço gerou um efeito cascata, com investidores temendo uma guerra comercial global e uma possível recessão.
Enquanto isso, Trump, em uma declaração inesperada, afirmou que acredita que "estamos indo bem". Ele minimizou a reação do mercado, defendendo que as tarifas vão "fazer a América rica de novo" e que o impacto inicial seria apenas uma fase de ajuste. Segundo ele, é "como uma cirurgia necessária: dói agora, mas vai melhorar depois".