
A Apple sofreu uma perda de mais de US$ 250 bilhões (aproximadamente R$ 1,4 trilhão) em valor de mercado na quinta-feira, tornando-se uma das principais vítimas da nova ofensiva tarifária do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
Segundo informações do Financial Times, apesar dos esforços do CEO Tim Cook para estreitar laços com o governo, a fabricante do iPhone não obteve isenções nas novas tarifas.
As ações da Apple chegaram a cair 8,5% na abertura do pregão em Nova York, reduzindo sua capitalização de mercado de US$ 3,37 trilhões para US$ 3,12 trilhões (aproximadamente R$ 16 trilhões).
A decisão de Trump atingiu os maiores fornecedores e centros de fabricação da Apple na Ásia, como China, Taiwan, Índia e Vietnã, com tarifas significativas sobre produtos importados para os Estados Unidos, segundo o Times.
A medida afetará quase todos os modelos de iPhone, iPad, Mac e acessórios da empresa, deixando Cook diante do dilema de aumentar os preços ou absorver os custos extras, o que pode comprometer bilhões em lucros.
Em fevereiro, a Apple anunciou planos de contratar 20 mil funcionários e investir US$ 500 bilhões nos EUA nos próximos quatro anos, incluindo uma nova fábrica de servidores de inteligência artificial no Texas. No entanto, a Casa Branca confirmou que não haverá exceções para a Apple nas novas tarifas.
Analistas do Citi estimam que mais de 90% da produção da Apple ocorre na China, sujeita a tarifas combinadas de pelo menos 54% sobre as importações para os EUA. Vietnã e Índia, que vêm ampliando sua participação na produção da empresa, enfrentam tarifas de 46% e 26%, respectivamente.
Os semicondutores, no entanto, estão isentos das novas tarifas, o que pode beneficiar a Apple, que depende da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) para a fabricação de chips. A nova fábrica da TSMC no Arizona representa parte dos investimentos bilionários que Apple e Nvidia planejam realizar nos EUA nos próximos anos, mas a expansão dessa planta também poderá ser impactada pela tarifa de 20% sobre importações da União Europeia, incluindo equipamentos da ASML, fabricante holandesa essencial para a produção de chips.
De acordo com analistas da TD Cowen, as vendas nos EUA representam cerca de um terço da receita total da Apple, sendo que aproximadamente três quartos desse valor vêm da comercialização de hardware. O iPhone, por si só, responde por quase dois terços das receitas da empresa no segmento de hardware nos EUA, conforme reportado pelo Times.