O diretor de Política Monetária do Banco Central , Gabriel Galípolo , passa por sabatina no Senado Federal nesta terça-feira (8) a fim de saber se ele está apto a ocupar o cargo de presidente da autoridade monetária, ao qual foi indicado pelo presidente Lula em agosto. Considerado técnico e competente pelos integrantes do Ministério da Fazenda e pelo próprio Lula, o mercado ainda mantém algum nível de desconfiança quanto à independência do "prodígio" de 42 anos.
Nascido em São Paulo, ele foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda no início da gestão de Fernando Haddad e ocupa a diretoria do BC desde julho de 2023. Formado pela PUC-SP, foi professor universitário de 2006 a 2021 e presidiu o banco Fator de 2017 a 2021. Possui mestrado em Economia Política pela PUC-SP e é professor do MBA de PPPs e Concessões da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em parceria com a London School of Economics.
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Galípolo também atuou na campanha de Lula à Presidência e na equipe de transição do governo. No ano passado, foi o principal auxiliar do ministro da Fazenda e, em julho, exerceu a presidência do BC interinamente durante as férias de Roberto Campos Neto.
Felipe Vasconcellos, Sócio da Equss Capital, destacou a "postura técnica e independente" de Galípolo especialmente ao apoiar aumentos na taxa Selic para controlar a inflação, mesmo diante de pressões políticas.
"Sua experiência em gerenciar crises financeiras e dialogar com diversos atores econômicos fortalece a confiança do mercado em sua liderança. A expectativa é positiva, pois ele demonstra a capacidade de adaptar políticas monetárias conforme as necessidades econômicas, além de valorizar a transparência nas comunicações do Bacen. Contudo, sua gestão enfrentará desafios, como manter a eficiência financeira e o relacionamento com o governo, o que exigirá habilidade para garantir o crescimento sustentável e a credibilidade institucional do Banco Central durante seu mandato", disse.
Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, por outro lado, ressalta que o mercado seguirá atento às suas posturas por conta da proximidade do indicado a Lula. Ele acredita que o nome deve ser aprovado facilmente na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado.
"Acredito que a aprovação não deve ter nenhuma surpresa, e também não assustará o mercado, já que ultimamente os votos de Galípolo estiveram alinhados ao restante dos integrantes do Copom para encerrar o ciclo de cortes e iniciar a alta dos juros, o que o tornou uma pessoa vista por uma condução mais técnica da política monetária do país, sem ceder a pressões políticas", afirma.
Entre agentes do mercado financeiro, a principal palavra relacionada a Galípolo foi "equilíbrio". Isso porque ele herdará um Banco Central em meio a um embate entre técnicos e o governo federal.
De um lado, Lula defende reduzir a taxa de juros para dar mais fôlego à economia, porém, do outro, o mercado teme uma aceleração desenfreada da inflação, caso a atividade econômica sobreaqueça.
"A indicação de Gabriel Galípolo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência do Banco Central representa uma busca pelo equilíbrio entre a autonomia institucional e uma comunicação eficaz com o mercado. A expectativa é positiva, com o mercado acreditando que ele está preparado para manter a estabilidade econômica e promover inovações no sistema financeiro, ao mesmo tempo em que equilibra as demandas do governo. No entanto, desafios como a continuidade da eficiência financeira e o relacionamento com o governo exigirão habilidade para garantir um crescimento sustentável e a credibilidade institucional do Banco Central durante seu mandato", diz Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest
João Kepler, CEO da Equity Fund Group afirma que a nomeação de Gabriel Galípolo traz expectativas quanto à sua capacidade de equilibrar as pressões políticas e manter a independência do Banco Central: "O grande desafio será preservar a credibilidade da instituição, focando em uma gestão técnica e responsável, que priorize a estabilidade econômica do país acima de interesses governamentais. O mercado espera uma liderança que mostre compromisso com a autonomia do Bacen e com o equilíbrio necessário para enfrentar os desafios econômicos", completa.
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