Acionistas minoritários do grupo Americanas entraram com uma solicitação de indenização para reaver o prejuízo com as ações após operação da Polícia Federal contra o ex-CEO e membros da diretoria da empresa nesta semana por esquema de fraude. Eles ainda pedem uma investigação nos Estados Unidos.
O pedido foi feito pelo Instituto Ibero-Americano de Direito Público (IADP), representando 70 fundos norte-americanos que investiam nas ações do grupo. O IADP solicitou que seja feita uma investigação sobre a má conduta da empresa e o impacto financeiro do escândalo de fraude no mercado financeiro dos EUA. Os pedidos de investigação foram feitos na SEC (Securities and Exchange Comission, a CVM americana) e no Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ, na sigla em inglês).
Outros 418 acionistas minoritários do Brasil também receberam orientação do IADP, além de moverem dois processos de arbitragem para reaver o prejuízo com o anúncio da fraude .
Sócio do Lobo de Rizzo Advogados e advogado do IADP, Luis Fernando Guerrero explicou ao jornal O Globo que vai formar um "pool" com mais quatro escritórios de advocacia para lidar com a questão.
De acordo com ele, o valor da indenização exigido pelos acionistas minoritários brasileiros vai de US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão — quantia que varia conforme o valor pelo qual adquiriram as ações da empresa e a cotação dos papéis durante o anúncio da fraude no grupo.
A operação deflagrada pela PF nesta semana, segundo ele, deve ajudar a impulsionar as negociações.
"Certamente mais informações virão à tona, e pode contribuir para uma maior mobilização dos investidores, já que faz algum tempo desde que os fatos aconteceram", disse ele ao jornal.
"O instituto representa todos os acionistas, inclusive esses 70 fundos perante as autoridades do mercado de capitais americano para investigação, do mesmo modo que a CVM conduz uma investigação aqui no Brasil também", acrescentou. De acordo com Guerrero, os fundos do exterior não pedem uma indenização.
A operação
O ex-CEO das Lojas Americanas Miguel Gutierrez foi preso nesta sexta-feira (28) em Madri, na Espanha. Ele é alvo de prisão preventiva da Polícia Federal em Operação Disclosure, deflagrada no dia anterior contra as fraudes contábeis na empresa que chegaram a R$ 25 bilhões.
Além do ex-chefe da empresa, a ex-executiva Anna Saicali também teve mandado de prisão preventiva emitido. Antes da prisão de Gutierrez, os dois eram considerados foragidos, visto que ambos não se apresentaram à PF e não se encontram no Brasil.
Eles foram incluídos na lista Difusão Vermelha da Interpol, que serve para divulgar ordens de prisão de indivíduos no exterior.
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