A produção industrial do Brasil registrou uma variação de 0,1% de agosto para setembro, segundo dados divulgados nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao mesmo período de 2022, o setor teve um avanço de 0,6%.
Para Mauro Rochlin, economista e Coordenador Acadêmico FGV/MBA, esse resultado reiterara o cenário de estagnação no setor industrial. “Os números de setembro reproduzem o que já vem acontecendo há muito tempo com a indústria brasileira. Se a gente olhar o curtíssimo prazo, a gente vai ver que a indústria se encontra estagnada, e essa estagnação, na verdade, não representa nem mesmo um nível maior do que aquele que estávamos antes da crise”, defende.
“O problema é mais estrutural. Em primeiro lugar, existe uma baixa produtividade para o setor industrial brasileiro. Além de uma produtividade que está abaixo dos seus pares emergentes. E segundo lugar, existem algumas questões que dizem respeito ao entorno do setor industrial com impacto importante. Além disso, temos visto uma certa insegurança com relação os marcos regulatórios, o que impacta alguns setores relevantes”, complementa
O número veio acima do esperado pelo consenso de mercado, que estimava uma retração de 0,1%. Conforme o IBGE, a variação é classificada como estabilidade por estar dentro da margem de erro da pesquisa. No acumulado do ano, o setor apresentou uma variação de -0,2%, enquanto nos últimos 12 meses, a produção industrial teve uma variação nula. Estes números foram obtidos a partir da Pesquisa Industrial Mensal (PIM).
Para o economista, os problemas relativos à inserção do Brasil nas cadeias globais de valor também explicam esse baixo desempenho da indústria nacional. “O Brasil ainda tem uma baixíssima participação no comércio internacional como proporção do PIB. Isso sem dúvida nenhuma reflete essa baixa inserção das cadeias industriais nacionais nas cadeias globais de produção”, argumenta.
“Nossa chance de competir lá fora é mínima. E a chance da indústria nacional competir internamente com as importações se torna cada vez mais difícil”, conclui.
Três das quatro grandes categorias econômicas e 20 dos 25 ramos investigados apresentaram taxas negativas.
O segmento de indústrias extrativas teve a maior influência positiva, com um avanço de 5,6% no mês. Entre as grandes categorias, o destaque foi para bens intermediários, com um aumento de 0,3%.