No primeiro dia útil após o primeiro ataque do Hamas ao território israelense, o preço do petróleo aumentou globalmente, causando grande volatilidade nos mercados mundiais. Apesar de o Brasil não ter envolvimento direto no conflito, a economia daqui também pode ser impactada, principalmente devido ao aumento abrupto do preço do petróleo. Nesta segunda-feira, o preço do barril de petróleo subiu mais de 4% nas primeiras horas do dia, atingindo aproximadamente US$ 90.
O Hamas realizou a maior ofensiva dos últimos anos contra Israel, que declarou guerra como resposta. Ao reivindicar o ataque, o Hamas afirmou que esse é o início de uma grande operação para retomar território e que se trata de uma resposta à "agressão sionista".
O aumento significativo no preço do petróleo tem como consequência imediata o encarecimento dos produtos derivados, como gasolina e diesel. Esse aumento nos combustíveis afeta diretamente a inflação, já que esses itens são essenciais em diversas cadeias produtivas e de distribuição.
O conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas tem o potencial de afetar a economia brasileira por meio das vias do petróleo e do câmbio, ambos contribuindo para projeções inflacionárias mais altas.
Em entrevista para o Portal iG, o professor Renaldo Gonsalves, do Departamento de Ciências Atuariais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) defendeu que não haverá uma diminuição da oferta dos derivados de petroleo, pois a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) sempre avisa as reduções de oferta. Para o professor, um possível aumento de preços pode acontecer devido ao risco de transporte, que é o Estreito de Ormuz (transporta 30% da produção mundial), que fica ao lado do Irã e o Canal de Suez (que transporta 10% da produção mundial), que fica no Egito, que são áreas de risco no conflito armado.
Ainda segundo Renaldo, o que pode ocorrer no Brasil é uma pequena elevação da inflação, e uma queda mais lenta da Selic.
“A Petrobrás já usa uma estratégia para conter a elevação dos derivados do petróleo. Antes a Petrobrás utilizava o critério, PPI (Paridade de Preços de Importação) que tinha como objetivo, transferir para o preço final dos derivados (gás; gasolina; diesel, etc.) as flutuações do dólar e do petróleo. Agora, o novo governo optou por “administrar” o preço final, para reduzir os impactos na inflação e poder subsidiar o consumo de derivados (gás; gasolina; e, diesel) com impacto positivo no ambiente social”, defende.
O CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou nesta segunda-feira (10) que a atual política de preços da empresa está preparada para conter um possível aumento na volatilidade dos preços do petróleo, bem como variações especulativas devido ao conflito em Israel e Gaza.
“Isso vai mostrar como está dando certo a política atual de preços da Petrobras, ela deve mitigar esses efeitos”, disse Prates em evento organizado pelo Consulado Geral da Noruega no Rio de Janeiro.
Prates enfatizou principalmente a possibilidade de um aumento no preço do diesel, mas ressaltou que é necessário aguardar os acontecimentos para uma análise mais precisa. "Não tem de fazer muito mais do que a gente está fazendo, tem de ir acompanhando os preços, principalmente do diesel, e ir se organizando", defende.
Gabriel Galípolo , diretor de Política Monetária do Banco Central, defendeu a intenção do BC de prosseguir com os cortes de 0,5% na taxa básica de juros (Selic), conforme indicado na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom). O diretor explicou que o Banco Central iniciou o ciclo de redução de juros, e que as projeções de crescimento econômico têm aumentado em cada estimativa dos economistas do BC e dos analistas de mercado.
“Tanto os economistas da Focus
quanto o BC
têm suas projeções de crescimento um pouco inferiores a 3%. Apesar da inflação maior, não tem projeção de aumento”, disse durante uma reunião do Conselho Empresarial de Economia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), ocorrida nesta segunda-feira (9).