Galípolo diz que guerra não vai interferir no corte da Selic

O diretor do Banco Central acredita que a conjuntura interna do Brasil permite manter a tendência de queda na taxa básica de juros

Foto: Agência Senado
Galípolo defende que conflito de Israel e Hamas não vai interferir no ciclo de cortes da Selic

Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central, defendeu a intenção do BC de prosseguir com os cortes de 0,5% na taxa básica de juros (Selic), conforme indicado na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom). O diretor explicou que o Banco Central iniciou o ciclo de redução de juros, e que as projeções de crescimento econômico têm aumentado em cada estimativa dos economistas do  BC e dos analistas de mercado.

“Tanto os economistas da Focus quanto o BC têm suas projeções de crescimento um pouco inferiores a 3%. Apesar da inflação maior, não tem projeção de aumento”, disse durante uma reunião do Conselho Empresarial de Economia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), ocorrida nesta segunda-feira (9).

Segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (9), os analistas do mercado mantiveram suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB), Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e taxa Selic em 2023. As estimativas para o crescimento do PIB ao final deste ano permaneceram em 2,92%, com previsão de 1,5% em 2024.  As projeções dos economistas ouvidos pelo Banco Central para a inflação medida pelo IPCA no final deste ano continuaram em 4,86%.

O economista mencionou o conflito entre  Hamas e Israel, mas afirmou que a conjuntura doméstica favorável permite que a autoridade monetária mantenha sua posição. O diretor do Banco Central ressaltou que a intenção é prosseguir com os cortes nos juros em 0,5%, conforme indicado na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom).

“A gente tem um cenário mais desafiador do ponto de vista internacional ao longo deste segundo semestre, com desafios novos que vão surgindo, como o conflito que surgiu ao longo deste final de semana, que têm uma série de impactos em preços internacionais, então temos um cenário mais desafiador do ponto de vista internacional, mas que é compensado por um cenário mais benigno do ponto de vista doméstico”, defendeu.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na última semana que o PIB brasileiro deve crescer 3% neste ano. A fala foi feita após resultado do PIB no segundo trimestre, que registrou alta de 0,9% , segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"O resultado do PIB realmente surpreendeu positivamente", disse Haddad. "O crescimento do PIB neste ano deve atingir a marca de 3%. Eu quero lembrar que, no início do ano, as projeções médias do mercado eram de crescimento inferior a 1%. Portanto, em relação ao que estava sendo projetado para a economia brasileira no começo do ano pelo mercado, nós estamos com um crescimento três vezes superior. Isso dá força para a agenda econômica", completou o ministro na época.