O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou nesta quarta-feira (20) a redução da taxa básica de juros (Selic) de 13,25% para 12,75%, menor patamar em 16 meses. Esta é a segunda queda consecutiva no índice em 0,5 ponto percentual.
Em agosto, o BC realizou o primeiro corte na taxa em três anos - de 13,75% a 13,25%. Antes disso, a última queda havia sido em agosto de 2020. Na última reunião, a ata já havia sinalizado que manteria o ritmo de queda.
A expectativa do mercado financeiro é que a Selic encerre o ano em 11,75% ao ano. Portanto, ainda seria necessário um corte de um ponto percentual. Como o comitê reúne-se a cada 45 dias, é provável que as duas últimas reuniões do ano promovam cortes de 0,5 p.p.
O fator que tem proporcionado as quedas da Selic é a redução da inflação . Apesar do IPCA ter subido de 3,16% para 4,61% no acumulado de 12 meses, a média trimestral dos núcleos recuou de 5,55% para 4,80%, e a inflação de serviços de 6,22% para 5,43%, o que, para o Banco Central, é o mais relevante.
"A política monetária está surtindo efeito agora, fazendo a inflação cair com mais rapidez. O resultado do IPCA de agosto, por exemplo, mostrou desaceleração da inflação no segmento de serviços. Isso tudo favorece um ritmo de queda na Selic que deve se estender pelos próximos meses”, comentou Fernando Honorato, coordenador do Grupo Consultivo Macroeconômico da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Para Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT CAPITAL, é esperado que o BC siga o ritmo de desaceleração da Selic, mas é necessário estar atento à elevação no custo de fatores que impulsionam a inflação, como combustíveis e energia elétrica.
"O que começa a chamar a atenção que pode influenciar nos dados da inflação é o aumento da energia elétrica, em especial. Além disso, também o aumento dos combustíveis. Como o Brasil é um país rodoviário, o aumento nesse custo é repassado para a população como um todo e isso faz com que a inflação suba. Mas, perto dos números que foram apresentados nas últimas duas semanas, eu ainda acredito que esses 0,50% serão dados pelo Banco Central em virtude dos dados e também por conta da questão de uma resposta política, de uma boa comunicação entre Planejamento e Fazenda, o que dá um sinal de certa forma positivo para o Legislativo e o Senado continuarem a fazer as devidas aprovações que são necessárias com o Banco Central fazendo a sua parte", comenta.
A decisão do Copom vem em linha com as pressões do governo federal, que arrefeceram após o último corte e a sinalização de que a taxa teria margem para cair ainda mais.
No início do ano, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltaram suas críticas ao presidente do Banco Central (BC) , Roberto Campos Neto, por manter os juros na casa dos 13,75% apesar da redução inflacionária.
Recentemente, após o primeiro corte na taxa básica de juros e a sinalização de que a tendência era uma sequência de quedas, a relação passou a ser mais harmoniosa.