O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reuniram-se nesta segunda-feira (3) pela primeira vez desde que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75%.
Ao sair do encontro com Campos Neto, o ministro declarou que a reunião havia tratado sobre vários temas e tinha sido "muito boa".
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"Foi uma reunião de rotina, em que a gente conversa sobre vários temas. Alinha informações, troca informações, estabelece alguns protocolos de como encaminhar as coisas. Foi muito boa. Conversamos sobre tudo, não tem uma pauta específica", disse Haddad.
Mais cedo, Haddad havia criticado o BC pela opção. “Não é possível manter essa taxa de juros indefinidamente com as projeções da inflação que hoje estão no mercado, menos de 6% e por aí vai. Não faz sentido você manter a taxa [em referência à Selic] perto de 14%”, declarou durante entrevista ao canal de notícias GloboNews.
Ele também declarou que enxerga espaço para cortes na taxa de juros.
"Na minha opinião, tem espaço para cortes. Quando vai ser esse corte? Eu não sei, eu não estou lá dentro. Tem um espaço para corte suficiente para garantir que a economia brasileira se reestabilize", disse Haddad, em entrevista à GloboNews.
Haddad mencionou a pesquisa Datafolha que diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acerta ao cobrar redução da taxa básica de juros (Selic) para 80% dos brasileiros. O ministro também cogitou a possibilidade de a autoridade monetária estar superdimensionando a crise no mercado de capitais.
"Não faço parte do BC, mas é um tema recorrente em nossas conversas: “será que vocês estão considerando o que parece estar acontecendo no mercado de capitais?”", disse, em entrevista à GloboNews.
Na última ata, o Copom cobrou do governo federal a apresentação do novo arcabouço fiscal, para que pudesse começar, ou não, a queda na curva de juros.
No parágrafo 18 da ata da reunião, o BC destacou que “a materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas, ao reduzir as expectativas de inflação, a incerteza na economia e o prêmio de risco associado aos ativos domésticos”.
Por fim, Haddad mencionou que os efeitos da PEC de Transição não serão suficientes para impulsionar o crescimento. Segundo ele, o corte nos juros se faz necessário para ampliar o espaço para investimento público e privado.
"O que vai fazer a economia crescer é o investimento privado. Existe espaço para crescer com PEC da Transição, com o arcabouço, a reforma tributária e a queda da taxa de juros."