De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) , o Brasil já ultrapassou a marca de 30 milhões de pessoas acima dos 60 anos, e a expectativa é que, a partir de 2039, haja mais idosos do que crianças no país. Com o envelhecimento da população se tornando uma realidade cada vez mais presente, a exigência para que o mercado de trabalho se adapte para receber profissionais da terceira idade fica cada vez maior.
Desde abril de 2021, o número de trabalhadores com 70 anos ou mais cresceu mais de 20% no Brasil, segundo o mesmo IBGE. Nesse contexto, empresas de diversos setores se preparam para receber candidatos da terceira idade, explorando todo o potencial que eles têm a oferecer.
Além disso, é importante combater o preconceito e os estereótipos em relação aos profissionais com mais idade. Muitas vezes, eles são vistos como ultrapassados ou incapazes de se adaptar às novas tecnologias e dinâmicas do mercado.
Uma pesquisa realizada com 200 empresas brasileiras, feita pela Ernst & Young e pela agência Maturi, revelou que 78% das corporações consideram-se etaristas e ainda têm barreiras na hora de contratar trabalhadores com mais de 50 anos.
O que fazer em caso de discriminação?
’Em relação a questão de sofrer algum tipo de preconceito ou discriminação em relação a idade, acho que a primeira coisa que a pessoa tem que fazer é buscar na empresa se tem algum canal de comunicação para fazer uma denúncia’’, defende Leandro Antunes, professor de direito trabalhista da Mackenzie Rio. ‘’Se não der resultado ou se efetivamente a empresa não está preocupada com isso, eu aconselho realmente a buscar as vias judiciais, seja buscar uma indenização por dano moral, seja buscar uma rescisão indireta do contrato de trabalho por algum tipo de assédio”, finaliza o professor.
A Lei 9.029/1995 veta a discriminação, tanto na contratação quanto na manutenção do trabalho, por motivo de sexo, origem, raça, cor, religião, estado civil, situação familiar, idade, deficiência e outros aspectos. “Qualquer forma de discriminação que seja considerada arbitrária, não será válida. É importante que o empregado saiba disso”, observa Fabíola Marques, professora do curso de Direito da PUC-SP e advogada trabalhista.
Para se preparar para esse novo cenário, as empresas podem adotar algumas medidas. Um levantamento realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) revelou que aproximadamente 7,5% das pessoas na faixa etária entre 55 e 64 anos optaram por iniciar um empreendimento.
Esse número representa um aumento significativo em relação a 2019, quando somente 3,5% desse público havia embarcado na jornada empreendedora. Essa tendência demonstra que um grande número de profissionais busca novas oportunidades e têm o desejo de permanecer ativos no mercado de trabalho.
Integração é essencial
O mentor de empresários André Minucci destaca a importância da integração de diferentes gerações no ambiente de trabalho. "Quando você mistura as novas gerações com a mais sênior num ambiente de troca, de compartilhamento de informação, de conhecimento, todo mundo sai ganhando".
‘’Esses profissionais precisam sempre acompanhar a evolução da área de trabalho deles. Buscar sempre se renovar e se reciclar. Acho que pessoas nessa faixa de idade devem buscar áreas onde o conhecimento e a expertise seja algo que é importante e muito valorizado’’, declara Fabiola Marques.
Ao mesmo tempo, é fundamental que o trabalhador idoso saiba que o desenvolvimento de novas habilidades não se limita apenas às competências técnicas, mas também ao aprimoramento de habilidades interpessoais, liderança, resolução de problemas e adaptação às mudanças.
‘’No mercado de trabalho as áreas mais promissoras são aquelas em que o conhecimento é fundamental, por exemplo na medicina, um médico experiente é muito valorizado. Só que o profissional tem que estar sempre se renovando, ele não pode deixar o conhecimento para trás’’, complementa a docente.