O ex-presidente do Banco Central
Henrique Meirelles
demonstrou insatisfação com o presidente da República Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) em relação aos comentários feitos contra o BC. Na avaliação dele, o petista tem apresentado um comportamento antigo e gera incertezas no mercado.
“O Lula está numa fase diferente. Ele foi presidente duas vezes, depois teve o governo Dilma, que ele acha que foi injustiçado pelo mercado, pelas empresas. Teve uma vida pessoal difícil nesse período. O Lula acha que está num período de fazer aquilo que ele acreditava no passado. É importante mencionar que ele foi candidato em 1989, 1994 e 1998, defendendo linhas desse tipo”, disse o economista em entrevista dada neste sábado (11) ao Estadão.
“O Lula fez uma mudança em 2002, quando lançou a Carta aos Brasileiros, no primeiro mandato. Mas está um pouco numa volta ao passado, às campanhas que ele fez na década de 1990 e, portanto, é algo que é surpreendente considerando que ele fez um governo que deu certo, mas, por outro lado, dá para entender pela história toda o que o está influenciando a essa altura”, acrescentou.
Henrique Meirelles foi presidente do Banco Central durante os dois primeiros governos de Lula (2003 a 2010). Em 2016, ocupou o cargo de Ministro da Fazenda no governo Michel Temer, deixando o cargo em 2018 para concorrer ao cargo de presidente da República pelo MDB.
Henrique Meirelles defende independência do Banco Central
Meirelles trata como um erro o presidente Lula criticar o Banco Central. “Esses ataques ao Banco Central, do ponto de vista objetivo do que gostaria o presidente, que é baixar a taxa de juros, têm o efeito contrário. Na medida em que ele ataca o Banco Central, cria ruídos e incertezas no mercado. E o que acontece? As expectativas de inflação sobem, o que força o Banco Central a ser um pouco mais duro na sua política monetária do que seria caso o presidente sinalizasse o contrário”, opinou.
“Deixe o Banco Central trabalhar. É a melhor forma de conseguir que os juros baixem o máximo possível”, aconselhou o ex-ministro.
“Quanto mais o Banco Central for visto como capaz de tomar as suas próprias decisões e controlar a inflação, mais caem as expectativas e mais o BC pode cortar a taxa de juros, que é o desejo de todos, inclusive do próprio Banco Central, desde que não cause inflação e seja possível dentro das projeções inflacionárias dos modelos”, concluiu.
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