Um grupo de economistas publicou uma carta conjunta na quinta-feira (9) cobrando "razoabilidade" do Banco Central para reduzir a taxa básica de juros, a Selic, que está no patamar de 13,75%, fazendo do Brasil o país com o mair juro real do mundo.
A taxa tem sido alvo de embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.
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“A taxa de juros no Brasil tem sido mantida exageradamente elevada pelo Banco Central e está hoje em níveis inaceitáveis. O discurso oficial em sua defesa não encontra nenhuma justificativa, seja no cenário internacional ou na teoria econômica, e o debate precisa ser arejado pela experiência internacional”, diz o manifesto.
O texto já soma 1.004 assinaturas até a manhã deste sábado (11) na plataforma Change.org.
Encabeçam este Manifesto os economistas:
Luis Carlos Bresser-Pereira, Leda Paulani, Monica de Bolle, Luis Gonzaga de Mello Belluzzo, Luciano Galvão Coutinho, Nelson Marconi, Antonio Correa de Lacerda, Clélio Campolina, Paulo Nogueira Batista Jr., Lena Lavinas.
O documento não cita nominalmente Campos Neto, mas critica a manutenção da Selic na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Segundo o texto, a alta taxa leva a um “estrangulamento das atividades produtivas e criadoras”.
“Nenhum dos países dotados de recursos e economias estruturadas possui uma taxa de juros sequer próxima da que prevalece no Brasil e que o Banco Central pretende manter por longo período”, diz o manifesto. “E todos esses países reconheceram o caráter excepcionalíssimo do surto inflacionário recente, explicado pela pandemia e pelo conflito bélico [na Ucrânia], não por excesso de demanda”, completa.
O grupo de economistas pede que o BC se oriente não só pela meta de inflação, mas também vise extinguir a pobreza e reduzir desigualdades, além de cumprir metas de sustentabilidade e preservação da natureza.
A lei que define as atribuições do Banco Central diz que a instituição tem como objetivo fundamental a estabilidade de preços, mas também precisa "zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego".
Um dos argumentos mobilizados é que um cenário de desemprego e recessão econômica pode dar “substrato para a emergência do fascismo, do militarismo, da xenofobia e do ataque a minorias” no país.
“Uma governança econômica que seja capaz de debelar o atual estado de estagnação e crise não é somente importante para a melhora das condições de vida da população, mas é também essencial para que retomemos uma trajetória de construção democrática”, afirma o texto.
“Os economistas signatários deste manifesto declaram publicamente o apoio a uma política que seja capaz de reduzir substancialmente a taxa de juros, propiciando as condições para a retomada do desenvolvimento com estabilidade sustentável”, finaliza.