Petrobras demorou mais a ajustar preços nos períodos em que os valores estavam em alta no mercado externo
Ivonete Dainese
Petrobras demorou mais a ajustar preços nos períodos em que os valores estavam em alta no mercado externo

Neste ano de 2022, muito marcado pelas eleições, a Petrobras demorou mais a ajustar preços nas refinarias nos períodos em que os valores estavam em alta no mercado externo, do que nos intervalos em que os combustíveis recuavam, aponta uma pesquisa realizada pela agência Reuters baseada em dados do setor e da petroleira.

Esse posicionamento indica que a estatal poderá demorar a repassar o avanço de preços no exterior, que ocorre depois que, na semana passada, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados realizaram o maior corte da produção de petróleo desde 2020. Com isso, a defasagem dos preços praticados pela Petrobras subiu, isto é, a empresa está cobrando menos do que deveria, se respeitasse a política de preços que a estatal adotada, baseada nas variações do mercado internacional.

Alheia à preocupação eleitoral, a Acelen, do fundo árabe Mubadala, que administra a refinaria de Mataripe, antiga Refinaria Landulpho Alves (Ralam), na Bahia, aumentou a gasolina entre 9,3% e 15,7 e o diesel entre 10,7% e 11,5%% no estado . O reajuste passou a valer a partir do último sábado (8).

Segundo analistas ouvidos pela Reuters, a ideia de um reajuste no preço sempre foi impopular e, neste momento, é vista como improvável. O principal motivo desta avaliação seria o cenário político, uma vez que o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), concorre à reeleição.

Com a votação de segundo turno marcadas para o fim deste mês, no dia 30 de outubro, a estatal poderá ter mudanças na diretoria que podem afetar áreas que estabelecem os preços dos combustíveis.

A política de preços da estatal prevê seguir indicadores internacionais, porém evita que volatilidades externas interfiram no mercado interno. Por conta disso, os ajustes dos preços praticados pelas refinarias às distribuidoras não segue imediatamente movimentos externos.

No primeiro semestre deste ano, os preços dos combustíveis estavam em alta diante do início da Guerra na Ucrânia. Naquele cenário, os intervalos entre os aumentos de preços nas refinarias variaram de 38 a 59 dias para o diesel e de 57 a 98 dias para a gasolina.

Desde julho, quando teve início um movimento de queda da commodity, o intervalo entre as reduções ficou entre 6 e 38 dias para o diesel e entre 9 e 17 dias para a gasolina.

Na última sexta-feira (7) o preço da gasolina alcançou uma máxima de cinco semanas, por conta de um impulso do movimento da Opep+.

Defasagem

A Reuters também aponta que, ao longo do primeiro semestre, a petroleira permaneceu mais tempo com valores internos desalinhados aos valores externos, do que no período de queda, após julho. O levantamento considerou dados da Petrobras e estimativas diárias publicadas pela Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom).

Em relação aos preços do diesel no mercado interno, eles se mantiveram abaixo do internacional no primeiro semestre entre 29 e 54 dias antes de a petroleira realizar um aumento. Porém, quando os preços no mercado internacional começaram a cair, o intervalo de tempo de desalinhamento caiu para 16 a 23 dias.

Já em relação à gasolina, no primeiro semestre os aumentos ocorreram em até 66 dias de um preço internacional desfavorável. Com a melhora em julho, as reduções nas refinarias foram feitas entre 8 e 20 dias.

De acordo com um levantamento da Abicom, a defasagem de preços da gasolina e do diesel da Petrobras no Brasil permanece contínua há 8 dias úteis.Na sexta-feira passada, a defasagem foi de 10% para a gasolina e de 13% para o diesel.

A estatal está há 20 dias sem reajustar o diesel e há 38 dias sem alterar o preço da gasolina. O intervalo está bem abaixo dos períodos máximos em que ela conseguiu segurar os aumentos durante o primeiro semestre, de 59 dias para o diesel e de 98 dias para a gasolina. 

O nível de defasagem atual é menor do que o pico registrado dois dias antes do reajuste de 11 de março, quando chegou a 30% para a gasolina e 40% para o diesel. Os percentuais de ajustes também têm sido menores que os dos aumentos anteriores. Em março, o diesel teve um único reajuste de 24,9%, enquanto a maior redução aplicada no segundo semestre foi de 5,78%, em 20 de setembro.

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