Na tentativa de segurar e até reduzir os preços dos combustíveis em meio à corrida eleitoral do segundo turno das eleições neste mês , o governo federal está tentando trocar três diretores da Petrobras. O movimento ocorre em um momento em que os combustíveis vendidos no Brasil estão mais baratos que os comercializados no exterior , aumentando a pressão do mercado por um aumento nos preços.
A defasagem em relação ao mercado internacional está em 8%, no caso da gasolina, e em 3%, no do diesel. De acordo com fontes ligadas ao alto escalão da companhia, a intenção do governo é mudar os diretores que fazem parte do comitê responsável por decidir os movimentos de alta e queda nos preços dos combustíveis.
Esse comitê é formado pelo presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade; e os diretores de Finanças e Relacionamento com Investidores, Rodrigo Araujo Alves; e de Comercialização e Logística, Cláudio Mastella.
Na lista está ainda a mudança da diretoria de Governança e Conformidade, que tem o poder de vetar as decisões do comitê. Essa fonte explicou que a estratégia do governo é acabar com as barreiras para o momento em que se desejar reduzir os preços dos combustíveis.
Nos corredores da Petrobras, o nome mais cotado para assumir a diretoria de Finanças é o de Esteves Colnago, atual secretário especial do Tesouro e Orçamento.
Na área de Governança, dois nomes são cotados, segundo fontes: Fernando Antônio Ribeiro Soares, atual assessor da presidência da Petrobras e ex-secretário de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, e Wagner Rosário, atual ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU).
Mas o próprio governo sabe que trocar o diretor de Governança pode ser mais complexo, já que o nome precisa ser escolhido por meio de uma lista tríplice. Fontes afirmam que a estratégia do governo é tentar as diversas alternativas para ter em mãos o poder de reduzir os preços com mais facilidade. Um dos argumentos que devem ser usados é a chegada do diesel russo ao Brasil. Especialistas dizem, porém, que o volume é pequeno se comparado ao total da demanda.
As fontes destacam que a Petrobras vem sofrendo com uma “invasão de governança”. Uma das pessoas a par do assunto afirmou que o movimento de troca de diretores “já está em andamento”.
Desde a chegada de Caio à estatal, apenas um novo diretor foi nomeado: Paulo Palaia, na área de Transformação Digital e Inovação. A indicação gerou críticas dos membros independentes do Conselho de Administração da estatal, de acordo com ata divulgada pela empresa.
Há uma resistência do corpo técnico da Petrobras em reduzir os preços sem ter como parâmetro indicadores econômicos como a cotação do dólar e do petróleo. Isso porque os diretores temem ser responsabilizados juridicamente pelos acionistas. Procurada, a Petrobras não quis comentar a possível mudança na diretoria.