Os candidatos ao segundo turno Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Messias Bolsonaro (PL)
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Os candidatos ao segundo turno Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Messias Bolsonaro (PL)

O mercado financeiro se animou com os resultados do primeiro turno das eleições no Brasil e deve ter uma semana volátil, segundo preveem analistas da Bolsa de Valores. Nesta segunda-feira (3), por exemplo, a o Ibovespa sobe 5,2%, a 115.769 pontos, enquanto o dólar cai 4,3%, cotado a R$ 5,16.

Na visão dos analistas do mercado financeiro, Bolsonaro acaba por sair vitorioso não só pelos resultados na disputa presidencial, mas também pela eleição de apoiadores nos governos estaduais.

"Um ponto positivo para Bolsonaro é que o governo atual conseguiu eleger vários senadores e liderou em vários estados nos cargos de governador. Isso ainda deixa a direita com bastante força no congresso. Se Lula ganhar, terá uma oposição ferrenha. Se Bolsonaro ganhar, tende a conseguir governar com menos dificuldade", explica Pedro Menina, sócio-fundador da Quantzed.

Na opinião de João Beck, por exemplo, a formação de maioria da bancada do PL no Congresso Nacional deve garantir a regra do teto de gastos e evitar a fuga de investidores.

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"Quanto a bancada para senadores e deputados eleitos, mercado fica animado com certa garantia que nenhuma PEC para acabar com o Teto de Gastos passa no Congresso", ressalta.

Os economistas ainda acreditam que o segundo turno vai equilibrar os debates econômicos e deve forçar um aceno mais ao centro de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

"O mercado vê o resultado como positivo, tanto por manter Bolsonaro no páreo quanto pela disputa mais apertada que, em tese, força Lula a acenar para o centro e conseguir mais apoio. O caminho para a vitória do Lula segue sendo mais fácil, mas há espaço para mudanças em mais um mês de campanha", afirma João Beck, economista da BRA.

Lula obteve a maior porcentagem de votos no primeiro turno, com 48,3% (57.258.115 de votos), enquanto Bolsonaro alçou votos de 43,2% da população (51.071.277 de votos). O resultado contrariou as dezenas de pesquisa de opinião, que colocavam o petista com possibilidade de vitória ainda no primeiro turno.

Lula ao centro, Bolsonaro aos mais pobres

Se a eleição em primeiro turno foi acirrada e explicitamente polarizada entre Lula e Bolsonaro, o segundo turno deve ser pior.

Ambos devem buscar apoios de governadores, senadores e deputados, além de rever seus programas de governo para ganhar votos.

No caso do petista, o mercado espera a nomeação de Henrique Meirelles, criador do teto de gastos, para o Ministério da Economia. O petista também deverá abrir seu programa de governo para partidos mais ao centro, como MDB, PSDB e Cidadania, que há expectativa de apoiarem o ex-presidente no segundo turno.

"Temos que ficar de olho nos próximos passos de Lula. Não sendo eleito no primeiro turno, o ex-presidente precisa conquistar votos. E para isso, deverá revelar mais pontos do seu plano de governo, até então quase que secreto, e nomear um possível ministro da Economia mais aceito pelo mercado. Henrique Meirelles pode ser uma opção com bastantes chances", afirma Menin.

Para a reta final de campanha, Lula deverá investir em feitos de seus dois governos e focar seus programas nas promessas em infraestrutura do país. Analistas do mercado financeiro acreditam que essa ideia poderá favorecer o petista na disputa.

"O mercado espera que Lula, caso eleito, realize as mesmas estratégias de seus dois mandatos, portanto um governo em que o estado é provedor do poder econômico e que distribua a população através dos auxílios como o antigo Bolsa Família.

Também o ex-presidente sabidamente gosta de grandes obras, incentivos à linha branca, educação, podendo estes setores serem beneficiados", afirma Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital.

Já Jair Bolsonaro deverá acenar para outro público que ainda não comprou suas ideias e promessas: a classe mais pobre. Bolsonaro conseguiu a aprovação para reajustar o Auxílio Brasil para R$ 600, mas a medida para angariar votos dos beneficiários não funcionou, mesmo com a promessa de manter o valor no próximo ano.

Na campanha, o atual chefe do Planalto deve investir no discurso de criador do Auxílio Brasil, apontar acertos econômicos do governo federal e minimizar a gestão de Lula.

"Ficou evidente nos números e até no discurso do presidente Bolsonaro que a camada menos privilegiada da população teve em sua votação predominantemente a escolha do ex-presidente Lula. Bolsonaro deve agora demonstrar ações não somente através de números econômicos, mas de iniciativas populares que sejam do cotidiano destes brasileiros. Lula ainda é muito lembrado pelos auxílios. Isso fica na memória de muitos dos quais Bolsonaro precisa para reverter a vantagem", completa Labarthe.

Mesmo com os desafios em segundo turno, o mercado ainda acredita que o petista levará a melhor nas eleições deste ano. Mas analistas ainda acreditam haver margem para uma disputa mais acirrada que o primeiro turno.

"O segundo turno está em aberto. É importante notar que mais de 30 milhões de pessoas não votaram e outras 5 milhões votaram em branco ou nulo. O mercado vai reagir principalmente aos debates e deve ficar atento às manifestações de apoios dos senadores, governadores e deputados já eleitos", lembra Pedro Menin.

** João Vitor Revedilho é jornalista, com especialidade em política e economia. Trabalhou na TV Clube, afiliada da Rede Bandeirantes em Ribeirão Preto (SP), e na CBN Ribeirão. Se formou em cursos ligado à Rádio e TV, Políticas Públicas e Jornalismo Investigativo.

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