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Em ata divulgada nesta terça-feira (27), o Banco Central (BC) alertou para o aumento de despesas permanentes no Orçamento de 2023, que podem elevar as expectativas de inflação. A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) demonstra ainda preocupação com as incertezas para o próximo ano. 

Na reunião, o BC decidiu interromper a elevação da taxa básica de juros e manteve a Selic em 13,75%

Para o economista e mestre em Macroeconomia e Finanças pela PUC-RJ, Carlos Macedo, o texto demonstra "cautela" por parte do BC. 

"É notório algum nível de desconforto com a resiliência da atividade econômica, o que coloca algum risco altista para a inflação. Por este motivo e pela expectativa de inflação de 2024 estar levemente subindo, dois membros justificaram o voto por subir 25 pontos na última reunião. Não vi grandes novidades em relação ao comunicado da decisão, mas reforça que não é claro que o próximo movimento é de queda de juros", disse

Na visão do Copom, a economia ainda não tem trajetória clara para o próximo ano, o que pode pressionar a demanda e o quadro fiscal.

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“O Comitê reitera que há vários canais pelos quais a política fiscal pode afetar a inflação, incluindo seu efeito sobre a atividade, preços de ativos, grau de incerteza na economia e expectativas de inflação”, diz o documento.

Entre as incertezas, está a manutenção do Auxilio Brasil em R$ 600 permanentemente, que ainda não tem fonte de recursos definida. Além desse ponto, há ainda a preocupação com as desonerações tributárias sobre combustíveis. 

O Copom alerta ainda que a inflação global deve pressionar a brasileira, bem como a incerteza sobre o arcabouço fiscal do país e “estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada”.

O entendimento do BC é que o cenário internacional continua "adverso e volátil", principalmente por conta da demanda menos aquecida na China e da Guerra na Ucrânia.

"Aa reversão de políticas contracíclicas nas principais economias, a continuidade da Guerra na Ucrânia, com suas consequências sobre o fornecimento de gás natural para a Europa, e a manutenção da política de combate à Covid-19 na China reforçam uma perspectiva de desaceleração do crescimento global nos próximos trimestres", aponta a ata.

No último Boletim Focus, as expectativas de inflação do mercado eram de 5,88% para 2022 e 5% em 2023. A meta deste ano, como já admitiu o BC, não deve ser cumprida. Mesmo com o intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p) para cima ou para baixo, os 3,5% já foram descartados pela autoridade monetária. 

Para 2023, as expectativas também estão acima da meta de 3,25%, que tem teto de 4,75%. As expectativas calculadas pelo próprio Copom são de inflação em 5,8% este ano e de 4,6% no ano que vem.

Sobre o fim do ciclo de altas da Selic, o Copom informou que a medida ainda não impactou a economia. As altas demoram de 6 a 12 meses para afetar os juros cobrados na economia real.

Na visão do Copom, o repasse da alta na Selic para as taxas cobradas de famílias e empresas tem “ocorrido conforme o esperado, ainda que as concessões de crédito para pessoa jurídica sigam mais robustas que o esperado”.

“O Comitê segue avaliando que grande parte do impacto da política monetária ainda está por ser observada,tanto na atividade econômica quanto na inflação, e que não houve mudança substancial nos canais de transmissão de política monetária”, diz o documento.

A expectativa é que a inflação siga sofrendo impactos da alta de juros mesmo após esse fim de ciclo.

“Ainda não se observa grande parte do efeito contracionista esperado, bem como seu impacto sobre a inflação corrente. Esses impactos devem ficar mais claros nos indicadores de atividade ao longo do segundo semestre, mas o Comitê antecipa que medidas de sustentação da demanda agregada dificultam uma avaliação mais precisa sobre o estágio do ciclo econômico e dos impactos da política monetária”, aponta.

"O processo de normalização da política monetária nos países avançados prossegue na direção de taxas restritivas de forma sincronizada entre países, impactando as expectativas de crescimento econômico e elevando o risco de movimentos abruptos de reprecificação nos mercados", completa.


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