Henrique Meirelle, ex-presidente do Banco Central, no Roda Viva
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Henrique Meirelle, ex-presidente do Banco Central, no Roda Viva

O ex-presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles (União Brasil) disse nesta segunda-feira (26) que suas discordâncias com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não o impediriam de participar de um eventual governo petista.

Lula tem dito que irá acabar com o teto de gastos e mexerá na reforma trabalhistas, propostas criadas por Meirelles enquanto ministro da Economia de Michel Temer (MDB). Perguntado se isso inviabilizaria sua participação, Meirelles respondeu: 

"Não sei. E isso não é problema. Não estou tomando posições para participar ou não do governo. Estou expressando aquilo que acho certo e que deve ser feito pelo governo. No momento que participei dos governos Lula, foi porque nós concordamos no que precisava ser feito", disse, no Roda Viva desta segunda (26). 

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"Na minha vida toda profissional, seja setor público ou privado, havendo um convite, eu vou analisar as condições daquele convite para saber se justifica a minha participação", completou.

Meirelles não poupou elogios à Lula, que, segundo ele, "conduziu o governo com responsabilidade fiscal".

"Houve uma manifestação de apoio que eu achei importante deixar claro não só o apoio, mas as razões do apoio, que é o fato de que eu trabalhei junto com ele 8 anos e os resultados foram muito positivos. O Brasil cresceu 4% ao ano em média, criamos 11 milhões de empregos no país, o país construiu reservas e em resumo foi um período de muito sucesso na economia", afirmou. 

O ex-presidente do BC defendeu também uma reforma administrativa para abrir espaço no teto de gastos, para evitar mexer na regra fiscal. 

"Há várias maneiras de você cortar custos através de uma reforma administrativa bem feita, criar um espaço abaixo do teto e fazer todos os investimentos sociais", disse. 

Meirelles, no entanto, ressaltou que talvez não seja possível obter os efeitos desejados da medida já no primeiro ano de governo, portanto diz entender que algumas "excepcionalidades" fiquem fora da regra do teto. 

O ex-presidente do BC afirmou ainda que defende o desmembramento do Ministério da Economia em Planejamento e Fazenda, porque, segundo ele, "são funções diferentes".

Petrobras

O ex-presidente Lula também afirmou que pretende, se eleito, acabar com a política de preços em paridade internacional da Petrobras, algo que Meirelles é contra. 

"Qual o critério para definir o preço do combustível? Quando você tem o preço internacional, você tem um critério neutro, pode estar alto, pode estar baixo, agora, quando não tem um critério de mercado, de competição, como é o caso, no final a decisão é de quem? É do presidente da Petrobras? Da diretoria? Do presidente da República? Você fica com movimentações políticas, a Petrobras vira um objeto político", afirmou. 

Ele negou que a Petrobras "lucre demais", como pensa o presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Reforma tributária

O ex-ministro da Fazenda defende um modelo de reforma tributária ampla, e não apenas mudar alíquotas, como foi feito com o ICMS de combustíveis e outros produtos considerados essenciais. Ele defendeu um imposto único sobre bens e serviços, como está descrito na PEC 45, do deputado Baleia Rossi (MDB). 

Meirelles, que possui dinheiro em paraísos fiscais, disse ser "uma alternativa válida" a taxação sobre empresas offshore. Primeiramente, ele explica o que era o dinheiro no exterior e ressalta que não havia nada de ilegal.

“Esse famoso recurso em paraíso fiscal, na verdade, eram US$ 10 mil que foram colocados em uma fundação dedicada a fazer investimentos para ensino no Brasil. Só pode fazer desse jeito. Era para a Sabedoria Foudation. E na época que mandei o dinheiro, morava nos Estados Unidos”, explica.

Sobre taxação, o ex-ministro afirma que é válido o aumento de fiscalização sobre evasão fiscal e é muito necessário.

“É uma alternativa válida [sobre taxação de grandes fortunas]. De fato, é necessário fazer algo desse tipo. E fazendo tudo isso com uma análise muito clara de todas as consequências. Não é fazer algo simplesmente por razão ideológica. Temos que tomar cuidado para não espantar investimentos globais”, finaliza.


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