46% dos brasileiros das classes C, D e E relatam o aumento de gastos como o principal motivo para a falta de dinheiro no final do mês
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46% dos brasileiros das classes C, D e E relatam o aumento de gastos como o principal motivo para a falta de dinheiro no final do mês

Quase um terço (27%) das famílias brasileiras relatam que ganham menos do que o necessário para manter as despesas em dia, com impacto maior nas classes D e E (32%), o que leva 7 em cada 10 brasileiros a manter o controle de suas finanças para não terem surpresas ao final do mês. É o que aponta o levantamento inédito "Comportamento Financeiro das Classes CDE", realizado em parceria pela Nath Finanças e Opinion Box, feito de forma online em maio de 2022 com 2.072 pessoas.

Dani Schermann, Head de Marketing do Opinion Box, avalia que o levantamento foi essencial para a compreensão dos consumidores brasileiros. "As classes CDE representam a maioria esmagadora dos consumidores no Brasil e, por isso, fazer um estudo tão completo e detalhado é fundamental para entendermos a decisão de compra e os desafios deste grupo. Ao entender as dores, a forma como se planejam financeiramente e os desejos das classes mais baixas, é possível construir um retrato fiel desse movimento".

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Nathália Rodrigues, orientadora financeira e fundadora da plataforma de conteúdo digital financeiro de impacto social Nath Finanças, comenta que os dados são essenciais para iluminar os indicadores que expandem a conversa sobre educação financeira no Brasil. "Há três anos eu dialogo com pessoas das classes C, D e E pelas minhas redes sociais e sei quão importante é aprofundar as informações sobre quem consome o meu conteúdo. Dessa maneira, com a pesquisa, desejo incentivar que as pessoas se debrucem sobre o tema e entendam cada vez mais sobre quem representa mais de 80% da população brasileira", explica.

Cenário

A inflação é protagonista quando as contas são colocadas na ponta do lápis. O aumento dos gastos foi relatado por 46% dos entrevistados como o principal fator para o comprometimento da renda, com maior impacto entre pessoas da classe C (56%). Já a diminuição de renda afeta 20% dos entrevistados, sendo as classes D e E as que mais sofrem com baixos salários, com 32%. "Pessoas economicamente vulneráveis são as mais impactadas. Mais da metade dos entrevistados são das classes DE, com maioria de mulheres (52%) e jovens entre 16 e 29 anos (33%). Não podemos ignorar questões sociais e de gênero", aponta Nathália.

Endividamento e Cartão de Crédito

Com um cenário de taxa de endividamento recorde, 19% relatam terminar o mês no vermelho, porém, somente 3 em cada 10 pessoas recorrem a empréstimos. A saída é buscada principalmente para pagar dívidas (31%). O cartão de crédito também se mostra como opção, mas 69% relatam usá-lo por necessidade e não por capricho.

O limite oferecido para as pessoas das classes D e E ainda é baixo. 40% recebem linhas de crédito de até R$ 5 mil e 13% usam o cartão para estender prazos de pagamento. A escassez de renda mensal pode ser um impeditivo para que não tenham mais acesso, pois na classe C, 37% têm acesso a cartões com limite superior a R$ 10 mil.

A compra de alimentos é o primeiro item da lista entre os gastos com cartão, atingindo 71% das classes CDE e chegando a 75% quando olhamos apenas para a classe C. "Isso mostra que as pessoas estão dispostas a correr o risco de endividamento para manter seu nível de consumo", explica Dani Schermann, Head de Marketing do Opinion Box.

76% das pessoas relatam usar o cartão para compras online, contra 34% que utilizam o recurso para cobrir despesas fixas como água, luz e gás. "22% das famílias brasileiras estão com mais da metade de sua renda comprometida com dívidas. A falsa segurança que o crédito dá pode colocar muita gente em uma enrascada. Meu conselho é usar o cartão para emergências e compras que sejam muito caras para pagar à vista.", orienta Nathália. A boa notícia é que 71% das pessoas dizem não atrasar a fatura mensal.

Investimentos e Planejamento para o Futuro

A pesquisa apresenta outro dado que surpreende positivamente: 65% das pessoas têm dinheiro guardado ou investido. 77% optam por investimentos mais conservadores, como fundo de renda fixa, enquanto 30% escolhem a poupança. Entre os principais objetivos, ter uma reserva financeira (47%), a tão sonhada estabilidade financeira (43%) e viagens (30%) são metas que o público tem buscado alcançar. 

Educação Financeira

74% dos entrevistados relataram que se tivessem aprendido sobre finanças na escola, provavelmente hoje estariam em situação diferente. As redes sociais são as grandes aliadas para quem quer aprender a cuidar do dinheiro: 56% recorrem às redes sociais de especialistas e influenciadores digitais. Prova de que a estratégia está dando certo é que 85% têm o hábito de anotar os gastos mensais. 

Para Nathália, a notícia deve ser comemorada e comenta o dado sobre anotar os gastos no caderno (43%) ser o preferido das famílias. "Não existe o melhor método, mas o que funciona para cada um. Anotar ou usar um aplicativo são questões ligadas ao acesso à internet, por exemplo. O que salta aos olhos é saber que 7 em cada 10 pessoas acham importante aprender sobre finanças pessoais.", finaliza.


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