BNDES quer usar ações de grandes empresas para investir em pequenas
Ivonete Dainese
BNDES quer usar ações de grandes empresas para investir em pequenas

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou nesta quinta-feira (18) a uma plateia de banqueiros e investidores que o banco estatal quer usar uma parcela dos recursos levantados com a venda de sua participação em empresas como Petrobras, Eletrobras, Vale e JBS para investir em milhares de micro e pequenas empresas.

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Segundo Montezano, a ideia é capitalizar, por exemplo, cerca de 4 mil empresas, inclusive com a compra de participação societária. O investimento, no entanto, não seria direito, e sim por meio do aporte do BNDES em uma série de fundos de investimento, inclusive fundos de venture capital (capital de risco).

"Tenho um sonho que a gente está começando a botar no papel que é (...) a gente pegar, por exemplo, 10% do que a gente desinvestiu da carteira de ações, a gente saiu de R$ 80 bilhões em ações de Petrobras, Vale, JBS, Eletrobras (...). Se a gente pegar 10% desse recurso, R$ 8 bilhões, que são cerca de 6% ou 7% do patrimônio do BNDES, e a gente capitalizar 4 mil empresas brasileiras com equity (participação societária), botar R$ 2 milhões por empresa? Eu tenho esse sonho", afirmou Montezano no evento Macro Day, realizado pelo banco BTG Pactual em São Paulo. O presidente do BNDES ressaltou que os números eram hipotéticos.

A ideia faz parte da política do banco estatal de priorizar, na concessão de crédito, os negócios de pequeno e médio portes, os quais Montezano tem apelidado de "heróis nacionais", em contraposição à política do banco levada a cabo em governos petistas de investimento em grandes empresas, os chamados "campeões nacionais".

Durante a gestão de Montezano, o banco estatal restringiu a concessão de crédito como um todo e tem buscado se desfazer de participações em grandes companhias. Hoje, o BNDES ainda mantém R$ 60 bilhões em ações de empresas de capital aberto e mais R$ 6,6 bilhões em cotas de empresas fechadas ou com baixa liquidez.

De acordo com Montezano, a ideia de investir em participações de milhares de empresas de menor porte não é, porém, trivial. Esse aporte, segundo ele, tampouco seria direto.

"É difícil, tem que ter gestor, tem que ter alocador, o banco não vai fazer isso de forma direta. Vai fazer através da indústria de fundos, seja fundo de venture capital, startup, fundo tradicional, bioeconomia, biotech, IOT (internet das coisas, na sigla em inglês), vários tipos de família de fundos. A gente vai ter uma plataforma para os heróis nacionais que já está sendo colocada de pé com linhas de repasse, que a gente sempre fez; com fundo garantidor, que chegou para ficar; e com soluções de equity", disse, sem estabelecer prazos.

Durante sua fala, Montezano mencionou que a estratégia de focalizar a atuação do banco em empresas menores rende "mais votos" à classe política.

"A classe política entendeu que, em vez de você dar R$ 10 bilhões para uma empresa grande ficar com o subsídio para ela, você dar R$ 1 bi para mil empresas pequenas é mais desenvolvimento social, mais desenvolvimento econômico e mais voto no final do dia", disse o executivo.


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